A alta no custo da logística da soja poderá chegar a R$ 890 milhões neste ano em Mato Grosso do Sul. No País, este montante é estimado em R$ 13,8 bilhões. Os dados são de estudo do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log USP). Além do tabelamento de preços mínimos estabelecido pelo governo após a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio, a falta de vias alternativas para o escoamento de produção tornou os custos de logística da soja brasileira uns dos mais caros no mundo.
Com a dependência quase total do frete rodoviário, os produtores do Brasil e de Mato Grosso do Sul veem-se obrigados a arcar com custos cada vez maiores em rodovias, em sua maioria, com estrutura precária. “O Brasil é um dos países com maior produtividade de soja por hectare, mas o grande entrave é a questão da infraestrutura, que representa 30% dos custos de produção”, explica o consultor de empresas e especialista em mercado exterior Aldo Barrigosse. “O preço médio de tonelada de soja brasileira, hoje, está girando em torno US$ 500 [em torno de R$ 1.843,60]. Desse valor, cerca de 30% [US$ 150, aproximadamente R$ 553,08] fica na cadeia produtiva na parte de infraestrutura, isto é, transporte rodoviário interno, dentro do Brasil. Enquanto isso, nos Estados Unidos, esse custo fica em torno de US$ 30 [por volta de R$ 110,61], cerca de 5% do custo total”.
Segundo o especialista, por esse motivo, os produtores norte-americanos costumam obter lucros superiores aos brasileiros, mesmo com uma produtividade menor. “Nos Estados Unidos, a produção é transportada por caminhão, depois por trem e depois vai pelo rio até o porto. Aqui, tudo depende inteiramente das rodovias, dos caminhões. Falta investimento nessa multimodalidade. É preciso usar o frete ferroviário e fluvial, para que se possa diminuir o valor da tonelada”.
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