Em bilhete, Puccinelli nega proposta de delação de mulher e critica “fakes”

Por meio de um bilhete, o ex-governador André Puccinelli (MDB) reagiu à informação, que qualificou como “fake news”, de que sua mulher, Beth Puccinelli, estaria disposta a realizar delação premiada até o fim do ano, caso o emedebista não fosse liberado. Puccinelli –preso desde 20 de julho no Centro de Triagem de Campo Grande em decorrência das investigações da Operação Papiros de Lama ao lado do filho, o advogado André Puccinelli Junior– considerou o gesto como mais uma tentativa de o prejudicar.

O recado foi trazido por seu advogado, o presidente municipal do MDB e integrante da cúpula estadual do partido, Ulisses Rocha. “Porquê (sic) continuam querendo me prejudicar? Não existe delação de quem é inocente!”, afirmou Puccinelli na nota. “Desminto os fakes que lançam contra mim e minha família”, emendou o recado, assinado pelo ex-governador.

A informação sobre a suposta disposição de Beth Puccinelli fechar acordo de delação veio a público por meio do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Ele afirmou que a ex-primeira-dama teria enviado “recados a políticos de Brasília” –mais especificamente parlamentares do Estado que sempre apoiaram seu marido– manifestando disposição de realizar a colaboração.

Jardim citou o nome do ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) entre os possíveis destinatários dos “recados”. Ele, porém, rebateu a nota no mesmo domingo reforçando que “quem faz delação são bandidos e não pessoas honradas como a Dona Beth Puccinelli”. “Este pessoal não é acostumado a tratar com gente que não tem medo da verdade e sonham com uma delação que venha a realmente me comprometer. Me preocupam fofocas, obtidas através de chantagem, mas não temo delações reais, acompanhadas de provas, vindas de onde vierem”, prosseguiu Marun.

Ulisses Rocha concordou com o ministro. “Quem conhece a dona Beth saber que ela não tem esse perfil, que ela não é esse tipo de pessoa”, declarou. Segundo o dirigente do MDB, Puccinelli decidiu se manifestar para “esclarecer os fatos”. “As pessoas estão sensibilizadas, pessoas que não têm relação com os que o defendem ou sua família, e tentam veicular matérias tentando ‘adivinhar’ que há isso (delação). Mas isso não existe”.

Papiros de Lama – Puccinelli, Puccinelli Junior e o também advogado João Paulo Calves foram presos em 20 de julho durante o prosseguimento de apurações da Papiros de Lama. A ação do Ministério Público e Polícia Federal apura o uso do Instituto Ícone para recebimento de propinas supostamente direcionadas ao ex-governador.

Registrado no nome de Calves, a empresa seria de fato de Puccinelli Junior.

Além desse fato, as autoridades solicitaram à 3ª Vara Federal de Campo Grande a prisão dos três apontando o surgimento de novas provas encontradas em uma quitinete em Indubrasil. Pedidos de liberdade aos investigados já foram solicitados ao TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas não foram atendidos.

 

 

*Humberto Marques – Campo Grande News