Perícia de MS não vê indícios de crime em incêndio que matou menina de 3 anos e deixou mais 3 feridos
A perícia, até o momento, não encontrou indícios de crime na residência onde ocorreu incêndio e matou uma menina de 3 anos, além de deixar 3 feridos. Segundo o delegado Sérgio Luiz Duarte, responsável pelas investigações, o documento oficial ainda não foi finalizado. Nesta segunda-feira (8), a mãe da criança e a dona da casa, que tiveram alta médica recentemente, devem prestar depoimento na 2ª delegacia, em Campo Grande.
“Somente o laudo vai dizer exatamente o que ocorreu e, talvez, derrubar por terra as outras informações que chegaram ao nosso conhecimento. O mais provável, até o momento, foi algo relacionado a uma falha elétrica. No caso dos depoimentos, da mãe da menina e da dona da casa, ficaram marcados para hoje ou, no máximo, amanhã”, afirmou ao G1 o delegado.
Na semana anterior, o ex-marido de Rosimeire Aparecida de Mello, de 53 anos, apontado por ela como suspeito de ter praticado o incêndio, prestou depoimento e negou qualquer envolvimento no episódio. Já a pastora, ainda hospitalizada, disse que o antigo companheiro possui um histórico de violência doméstica contra ela, inclusive com ameaças recentes.
“Meu marido tinha um ciúme possessivo, doentio. Eu estou com ele faz 4 anos e estava morando naquela casa há alguns dias, apenas com a minha secretária, a filha dela e a minha filha. Ele, porém, estava ficando na chácara, mas, tinha a chave de lá. Desde que a minha funcionária soube de uns casos relacionados a ele, passou a ser perseguida e inclusive ameaçada de morte”, falou na ocasião Rosimeire.
Queimaduras
Rosimeire teve as vias respiratórias afetadas. A filha dela, de 11 anos, é a que ficou menos lesionada, de acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa. Já a vítima de 29 anos – mãe da criança de 3 anos que morreu ontem – teve queimaduras de 2° grau na face, mãos, pés e vias respiratórias. Ela também já teve alta médica.
Investigação
O delegado Sérgio Luiz Duarte, responsável pela investigação, diz que 3 pessoas foram ouvidas até o momento, sendo o vizinho da vítima que emprestou o cabo de energia e mais 2 pessoas que ajudaram no socorro. Além disto, outras pessoas que presenciaram a cena também serão acionadas no decorrer do inquérito policial. Até o momento, o delegado fala que não vê indícios de incêndio criminoso, porém ainda não descartou esta hipótese.
Bombeiro se arriscou
A viatura Auto Bomba Tanque – ABT 49 – do Corpo de Bombeiros mal estacionou quando o sargento Theodulo de Pádua ouviu gritos e pedidos de socorro: “Tem criança lá dentro”. “A menina está no quarto”. O raciocínio então foi descer correndo e pedir para apontarem o quarto onde a vítima estava. Ele entrou e não encontrou a menina, retornou para um rápido fôlego e foi para o outro quarto, retirando a pequena que “estava deitada de lado e já com a pupila dilatada”.
“Eu a encontrei inconsciente, nem pensei duas vezes no que fazer quando ouvi os pedidos de socorro. Antes de tudo, sou ser humano e pai de 3 filhos. Infelizmente, não teve outro jeito”, disse emocionado, em frente ao imóvel incendiado.
Entenda o caso
Uma menina de três anos que faria aniversário nesta quinta-feira (27) morreu e outras três pessoas ficaram feridas em incêndio em uma residência, no bairro Central Park, em Campo Grande. A polícia suspeita que o fogo tenha sido criminoso, pois, testemunhas contaram que o ex-marido da moradora já teria feito ameças a ela.
O corretor de imóveis Silvio Hikawa é vizinho da residência das vítimas e foi o primeiro a chegar. Segundo ele, a dona da casa é uma pastora e pedia socorro. “Gritava: pelo amor de Deus, tem criança lá dentro”.
Para entrar no imóvel, Hikawa pulou o muro e quebrou um cadeado. Ele teve ajuda de um outro vizinho. Ferida, a pastora havia saído da casa pulando uma janela.
*Por Graziela Rezende, G1 MS