Morte de criança em incêndio emociona bombeiros e vizinhos

A morte da menina Nicole Araújo, de 3 anos, após um incêndio comoveu bombeiros, socorristas e vizinhos na manhã desta quinta-feira (27), no bairro Center Park, em Campo Grande. A menina foi a última das quatro vítimas a ser socorrida. E entre as pessoas que tentaram retirá-la do quarto, o sentimento de impotência é grande.

Com a voz embargada, o sargento Theódolo de Pádua Melo narrou detalhes do salvamento e lamentou não conseguir retirar a criança da casa a tempo. “A gente é um ser humano. Eu sou bombeiro, mas também sou pai”, disse.

Durante a entrevista, ele demonstrou estar muito emocionado. Ele contou que foi o primeiro a chegar na casa, entrou no local sem equipamento de proteção e não encontrou a criança. Saiu para respirar e voltou, encontrando a menina já desmaiada ao lado da cama.

Bombeiros entra sem equipamento de proteção em incêndio e se emociona por não salvar criança em MS — Foto: Graziela Rezende/G1 MS
Bombeiros entra sem equipamento de proteção em incêndio e se emociona por não salvar criança em MS — Foto: Graziela Rezende/G1 MS

Segundo Pádua, quando foi resgatada, Nicole já estava com as pupilas dilatadas. Foi ele quem iniciou os procedimentos de tentativa de reanimação da criança. Quando a equipe de socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, médicos assumiram o atendimento. Os profissionais tentaram reanimar a criança durante 30 minutos, mas ela não resistiu e morreu asfixiada, após inalar muita fumaça.

O caso não abalou apenas os profissionais, como também quem não sabia ao certo o que fazer, mas mesmo assim se arriscou para salvar a criança. Um pouco depois das sete da manhã, o construtor Paulo Sérgio dos Santos, de 47 anos, veio ao bairro Center Park para trazer a esposa ao trabalho, como faz todos os dias.

Quando chegou à casa onde a esposa trabalha, percebeu que o vizinho da pastora tentava quebrar o cadeado do portão com um martelo. Mesmo despreparado, o construtor disse que tentou o que pôde para ajudar: entrou em um dos quartos, procurou pela debaixo da cama, perto do guarda-roupa e nada. “Eu cheguei e a mulher falou que a filhinha estava dentro da casa. Eu entrei, até tentei encontrá-la, mas estava muito escuro e com muita fumaça. Eu fiz o melhor que pude para tentar tirar do local, mas não consegui”, lamenta.

Silvio Haikawa, de 49 anos, foi o primeiro vizinho a ouvir os pedidos de socorro das duas mulheres. Ele pulou o muro e conseguiu arrebentar o portão. É a esposa de Silvio quem mais se abala e chora, já que ela foi a primeira a chamar o Corpo de Bombeiros.

 

 

Midiamax – Patrícia Penzin e Mylena Rocha