A cada ano o agricultor brasileiro, de maneira especial, repete um conjunto de ações para o cultivo da terra objetivando a produção de grãos e fibras. Na região central do Brasil, agora no mês de setembro, tem-se o início efetivo da safra do ano agrícola de 2018/2019.
Nem tudo que foi semeado na temporada de 2017/2018 já foi colhido. Para se ter uma ideia, ainda restam aproximadamente 10% do milho a ser colhido e algo também próximo a 10% do algodão.
De acordo com dados divulgados pela Companhia Brasileira de Alimentação – CONAB, as produtividades obtidas no ano de 2017/2018 foram muito boas na maioria dos casos. Em Mato Grosso do Sul, apenas o milho segunda safra teve um desempenho abaixo da média brasileira em virtude de fatores climáticos adversos, ocorrência de longo período de seca durante os meses de março e abril. As demais espécies cultivadas como a soja e o algodão, por exemplo, tiveram produtividades recordes, e uma das maiores do Brasil. Isto mostra o potencial de Mato Grosso do Sul, de maneira especial do produtor rural do Estado.
A capacidade empreendedora dos produtores rurais, o forte engajamento dos assistentes técnicos levando o que existe de mais importante para uma agricultura sustentável, os conhecimentos gerados pela pesquisa agropecuária, a participação dos produtores e técnicos em eventos onde o objetivo é demonstrar os avanços na área da produção agrícola, são os principais fatores responsáveis pelo crescimento da produtividade, é claro que não podemos desconsiderar as condições climáticas, que no último ano, na maioria das situações foram espetaculares. É importante destacar que, a tecnologia, é o fator que mais contribui com o aumento da produtividade, algo ao redor de 70%.
Todos os anos surgem novos desafios, talvez o que merece destaque neste último ano, foi a ocorrência de uma nova doença “estria bacteriana do milho” em algumas regiões do Paraná. É uma doença com elevada capacidade de impactar negativamente na produtividade do milho. Felizmente, esta doença
ainda está restrita a algumas regiões do estado do Paraná. Muito importante, portanto, para evitar a disseminação desta doença, é o trabalho desenvolvido pelos técnicos da defesa sanitária vegetal.
A agricultura brasileira vem passando por profundas transformações, graças a incorporação de novas tecnologias, de maneira especial as tecnologias digitais, a denominada agricultura 4.0. Estas tecnologias contribuem de forma especial para com o planejamento, manejo e tratos culturais, estabelecimento das culturas e uso de insumos. O desempenho operacional de máquinas e implementos é significativamente melhorado com o uso dessas modernas tecnologias.
Especialmente, as tecnologias digitais, vão provocar mudanças muito significativas na agricultura, dando a esta outra dimensão, tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo.
No entanto, algumas práticas e conceitos, não podem ser colocados de lado sob pena de serem responsáveis por insucessos. Rotação de culturas, plantio em nível, práticas mecânicas de conservação de solo e água, sistemas integrados de produção, sistema plantio direto, são exemplos de tecnologias indispensáveis quando se pensa na sustentabilidade da agricultura.
De acordo com projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, a produção agrícola deverá crescer nos próximos dez anos 22%, passando dos atuais 230 para mais de 300 milhões de toneladas de grãos e a área cultivada 14%, saltando dos 60 para mais de 70 milhões de hectares. Pelos números apresentados, ficada evidenciado mais uma vez que o aumento da produção se dará invariavelmente pelo aumento da produtividade.
Ao agricultor brasileiro é dada a oportunidade de produzir grãos, fibras, carnes e energia para atender a demanda crescente da população mundial. No entanto, só seremos capazes de aproveitar esta oportunidade com o uso da tecnologia. O agricultor brasileiro, de maneira espetacular tem dado mostra de sua capacidade empreendedora.
Assim, ao iniciarmos um novo ciclo de produção, com a incorporação de novos conhecimentos na forma de processo ou produtos, utilizando cada vez mais intensamente os fundamentos da gestão, as metas traçadas serão superadas.
Fernando Mendes Lamas
Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste