Soja Louca II é reconhecida como nova doença da soja pelo Mapa

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reconheceu a “Soja Louca II”(SLII) como uma nova doença que ameaça a cultura da soja no Brasil.  Fazia pelo menos 10 anos que pesquisadores da Embrapa trabalhavam na identificação da causa e, de acordo com eles, o que provoca a doença é o nematoide Aphelenchoides sp.

“A identificação do agente causal da SL-II representa uma descoberta importante, porque direciona as atividades de pesquisa para a definição das estratégias de manejo, o que trará um enorme alento aos produtores que amargam  prejuízos com uma doença até então desconhecida”, revela o pesquisador Maurício Meyer, da Embrapa Soja.

Desde a safra 2005/2006, a Soja Louca II vem causando reduções de até 60% na produtividade da soja, principalmente em regiões quentes e chuvosas como os estados do Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso. A doença apresenta como sintomas principais: plantas de soja com haste verde, retenção foliar e abortamento de vagens antes de finalizar seu ciclo.

Quando o problema foi detectado, os pesquisadores descartaram as hipóteses de ataque de percevejo, agente causador da Soja Louca I, problemas nutricionais ou distúrbios fisiológicos da planta. “Esses sintomas, observados na década de 1980 em algumas áreas de soja, eram conhecidos por Soja Louca e também causavam a incidência de haste verde e retenção foliar no final do ciclo da cultura, mas a Soja Louca II era diferente”, explica Meyer.

Para identificar as possíveis causas do problema, monitorar sua ocorrência e propor alternativas de manejo, em 2011, o pesquisador Maurício Meyer desenvolveu pesquisa em parceria com diversas instituições.

A primeira comprovação foi que a Soja Louca II não era causada por ácaros ou vírus. A partir de 2012, os trabalhos de pesquisa se voltaram a investigar a associação de nematoides do gênero Aphelenchoides à ocorrência de SL-II, constatando-se frequentemente sua presença em amostras de plantas com sintomas.

Somente em março de 2015, a Embrapa e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) conseguiram isolar e multiplicar o nematoide Aphelenchoides sp.,  por meio do aperfeiçoamento e da adaptação de métodos laboratoriais.

Amostras de hastes e folhas de soja, coletadas em áreas comerciais e experimentais no Maranhão e no Pará, com e sem os sintomas de Soja Louca II foram enviadas ao laboratório da Epamig, em Uberaba (MG), quando se observou elevada concentração do nematoide apenas nas amostras de plantas sintomáticas.

De acordo com Luciany Favoreto, pesquisadora da Epamig, a análise foi feita por meio de uma metodologia adequada ao gênero do nematoide, revelando sua associação com a SL-II.
Sintomas da doença Meyer diz que os sintomas da SL-II são observados no início da fasereprodutiva da soja, que apresenta afilamento das folhas do topo das plantas, enrugamento das folhas e engrossamento das suas nervuras.

Meyer explica que as folhas com sintomas apresentam coloração mais escura e menor pilosidadeem relação às normais. Também é observado que as hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens podem apresentar lesões, rachaduras, apodrecimento e redução do número de grãos.

O pesquisador releva ainda que as plantas afetadas registram um alto índice de abortamento de vagens, provocando a indução de uma nova floração e sintomas de superbrotamento. “Esse abortamento é mais intenso na parte superior das plantas, diminuindo em direção à base, o que impede o processo natural de maturação, permanecendo a planta verde mesmo após a aplicação de herbicidas dessecantes”, relata.

 

 

Globo Rural