Fórum Soja Brasil na Expointer 2015 tratou de custos de produção e competitividade; momento é para o produtor ser pragmático
O produtor deve ser mais pragmático e não especular com o câmbio para garantir a margem de lucro nesta safra. Esta é a avaliação dos debatedores do segundo Fórum Soja Brasil na safra 2015/2016. O evento ocorreu durante a Expointer 2015, em Esteio (RS), e lotou a Casa RBS.
Com o tema em torno de custos de produção e competitividade, analistas de mercado e cadeia produtiva colocaram em discussão a rentabilidade em um ano de crédito apertado e crise econômica.
O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Mauro Osaki apresentou um estudo sobre os custos de produção nos Estados Unidos, Brasil e Argentina. O levantamento mostra que agricultor brasileiro está com gastos muito próximos do produtor norte-americano, que tem o maior custo de produção entre os principais produtores mundiais.
– Os custos são os maiores desde 2009, quando começamos o levantamento. O fertilizante está impactando no gasto, até pela nossa característica de solo, que precisa de mais adubação. Nas últimas três safras, nós vimos a rentabilidade cair para os três países, está difícil fazer o dinheiro sobrar – explica.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Almir Dalpasquale, o produtor que não garantiu as compras até o momento corre sério risco de terminar a safra no vermelho. Na avaliação dele, com a escalada do dólar desde o primeiro semestre, o produtor não pode demorar mais.
– É claro que tivemos um problema com o pré-custeio no primeiro semestre, mas quem conseguiu comprar mais cedo vai ter uma condição melhor. O produtor tem que tomar cuidado, olhar que o importante é manter-se no negócio – comenta o dirigente.
Crédito
A liberação do crédito de custeio é algo que preocupa muito o setor da soja. Na avaliação do diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, é absurdo o produtor ainda não conseguir acessar os recursos do Plano Safra. Por outro lado, Rosa pondera que os recursos estatais não dão conta de toda a necessidade do sojicultor, que deve procurar alternativas de fazer caixa.
– É um absurdo um setor como o do agronegócio ficar nesta situação [de atraso]. O crédito está saindo para quem não precisa. É preciso dizer que atualmente os recursos do crédito rural cobrem apenas 30% do necessário, então o produtor vai ficar em uma situação que pode gerar endividamento para comprar os insumos. A consequência será um pacote tecnológico menor, com risco de ter produtividade menor – ressalta Fabrício Rosa.
Diante da dificuldade em conseguir financiamento para a safra, algumas formas do produtor conseguir dinheiro é negociar os insumos através do barter (trocar sacas por insumos) ou vender antecipadamente. Atualmente 30% da safra brasileira já foi vendida, contra 10% no mesmo período do ano passado, mas a região Sul é uma das mais atrasadas.
– A nossa moeda é o grão, muitas vezes vamos precisa captar dinheiro por conta própria. Então temos que pensar de uma forma empresarial. Eu acho que ainda vendemos pouco [antecipadamente]. Os preços que nós temos são bons, principalmente no Sul, mas cada um sabe da sua necessidade – argumenta Almir Dalpasquale.
Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Paulo Molinari, a comercialização é uma boa alternativa para o momento.
– Os preços atuais cobrem nossos custos de produção, o risco é o produtor assumir uma safra com custos altos, apostando no câmbio mais alto em 2016. Isso é imprevisível. O volume de vendas está alto porque os preços são bons – explica.
Projeto Soja Brasil
O próximo evento do projeto será a Caravana Soja Brasil em Goiás, de 14 a 18 de setembro. O auditório móvel do Canal Rural vai passar pelos municípios de Jataí, Paraúna, Piracanjuba, Silvânia e Uruaçu. E as equipes de reportagem do Canal Rural vão continuar levando as últimas informações da safra.
– O que nós queremos no Soja Brasil é mostrar bons exemplos, de produtores que conseguem produzir mais com menos. É isso que vamos mostrar neste ano – afirma o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa.
Soja Brasil -João Henrique Bosco/Canal Rural