O pecuarista Alexandre Scaff Raffi encontrou um rastro muito comum nas fazendas de MS na manhã de quinta-feira (02): Pegadas de onça no chão, e ela não veio desacompanhada: “A onça estava com o filhote, dá pra ver as pegadas dos dois juntos. É comum isso acontecer, tenho um amigo que perdeu 12 carneiros quando a onça foi ensinar o filhote a caçar”, relata.
Alexandre encontrou as pegadas quando passava pela área onde ficam as vacas paridas. Os bezerros são um grande atrativo para as onças: “É muito comum perder bezerro nas fazendas aqui, quase todo dia alguém comenta que perdeu animais em ataques de onça, a gente só descobre quando encontra a carcaça do bicho”, conta.
“Cheguei a contar 35 carcaças de bezerro”
O pecuarista que perdeu os carneiros é Carlos Baldasso. Os 12 animais foram atacados em uma área ao lado da sede da fazenda: “Isso é muito comum, nessa propriedade foi a primeira vez, mas teve um ano que cheguei a contar 35 carcaças de bezerros atacados por onça”, relata.
Porém, segundo o produtor rural, os pecuaristas não estranham, é muito comum e quando acontece, o ataque é tratado como um acidente:
“É um acidente porque essa não é a comida dela, onça se alimenta de outros animais, pequenos, mamíferos, capivaras. A gente já está preparado para isso, especialmente quando elas tem filhote, já sabemos que podem atacar animais de menor porte como os bezerros de 2 a 3 meses e carneiros.”
Onças precisam de espaço, diz especialista
De acordo com José Sabino, doutor em ecologia e especialista em comportamento animal, não existe necessariamente uma época em que possa haver maior incidência de onças ensinando os filhotes a caçar: “As onças se reproduzem ao longo de todo o ano, e tem de 1 a 2 filhotes por vez, e elas precisam de espaço, um territorio de 40 a 80 km² por indivíduo”, explica.
Ele conta que boas práticas podem ser úteis nesses casos: “É interessante por exemplo, colocar um animal de maior porte perto dos bezerros, porque animais grandes intimidam as onças, pode ser uma alternativa para evitar ataques”.
Para Sabino, também é importante a boa convivência dos pecuaristas com as onças: “É bom quando o proutor entende que a fauna silvestre tem seus processos naturais. Existem muitas pessoas que ainda caçam onças, ou matam para que diminua o prejuízo. Boas práticas na fazenda ajudam bastante, especialmente na região do pantanal”, finaliza.
Por mais “onças veganas”
De acordo com Raffi, os pecuaristas tem uma brincadeira nas redes sociais sobre os hábitos alimentares das onças: “A gente brinca pedindo por mais onças veganas, claro que é só uma brincadeira, mas seria uma boa para pecuarista e menos um medo pra quem vai pescar ou se aventurar no pantanal por exemplo” diverte-se.
Apesar da brincadeira, a conscientização e o respeito ao ambiente dos animais silvestres ajuda para que a convivência nas fazendas entre homens e animais seja de respeito e harmonia: “Na fazenda a gente preserva, cuida, e com o avanço da agricultura, existe uma maior incidência de animais que são presas naturais para as onças, isso torna mais difícil o ataque aos animais na propriedade e mantém as onças no ambiente delas”, finaliza Baldasso.
*G1 MS