A deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, DEM, desde fevereiro deste ano, assim que assumiu a presidência da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) tornou-se a mais influente parlamentar sul-mato-grossense, em Brasília, ainda que carregada do mau olhado de entidades que defendem o meio ambiente. Pelos corredores do congresso nacional e Brasil afora ela é conhecida como a “Musa do Veneno” por salvaguardar o uso de agrotóxicos e ainda a “todo-poderosa” por comandar a bancada ruralista, a que mais conquista vantagem do governo federal, integrada por 236 políticos em exercício, 210 dos quais deputados federais e 26 senadores.
Crescido o prestígio político, o nome dela surgiu como uma das opções como vice na chapa de Geraldo Alckimin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República.
Extensa reportagem publicada no domingo passado (29), de Pablo Pereira, do jornal O Estado de São Paulo, narrou as proezas da parlamentar de MS.
O poder político na família dela é quase que hereditário: o bisavô, Pedro Celestino, governou o então Mato Grosso na década de 1920; já o avô, Fernando Corrêa da Costa, também governou MT na década de 1960, por duas gestões. Viraram nomes de importantes ruas em Campo Grande.
Logo no início da reportagem do Estadão, Tereza dá o recado: “quando o tema é de interesse do agronegócio, nós vamos pra cima”.
VETOS
Exercendo forte pressão política, os neorruralistas, conta o jornal, obtiveram, por exemplo, a redução de alíquotas de 2% para 1,2% do Funrural e o perdão de 100% nas multas e encargos do saldo das dívidas para quem entrou no Refis. Valor da operação: R$ 15 bilhões. A Fazenda protestou, o Planalto vetou, mas a bancada implodiu os vetos em abril.
A influente FPA é mantida pelo Instituto Pensar Agropecuária (IPA), braço institucional do lobby em Brasília, com dinheiro de 39 entidades empresariais do setor. Ao ano, o lobby gasta R$ 2,8 milhões para vigiar o governo e as entranhas do Congresso.
Depois de passar como um trator sobre os plenários do Congresso no caso do Funrural, a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputada Tereza Cristina, conta que a pressão dos ruralistas passa a ser igual no debate sobre o licenciamento ambiental, projeto que há anos vaga pelo Legislativo.
NOVATA
Tereza Cristina diz que a “FPA segue o viés da iniciativa privada e dá o aspecto legal às demandas do setor”. Para comandar o grupo, ela conta com 17 parlamentares, com funções executivas. Mas os encontros das terças-feiras na casa do Pontão, em Brasília, costumam reunir até o triplo desse contingente. Pelo menos 50 parlamentares são assíduos nos encontros semanais.
Novata no exercício de mandato em Brasília, mas experiente na produção rural no Mato Grosso do Sul, com passagem como executiva da Federação da Agricultura do Estado, a Famasul, Tereza Cristina diz que é preciso “acabar com o mito” segundo o qual “o setor do agronegócio é inimigo da sociedade”. Segundo a deputada, o campo está segurando a inflação e a balança comercial no País.
“A sociedade deveria gostar mais do agronegócio.”
Além de Tereza, daqui de MS compõem a FPA os deputados federais Dagoberto Nogueira (DEM), Geraldo Resende (PSDB), Elizeu Dionísio (PSB), Luiz Henrique Mandetta e os senadores Waldemir Moka (MDB) e Pedro Chaves (PRB). Ou seja, mais da metade da bancada federal de MS formam a frente ruralista.
Celso Bejarano topmidia