O Sindicato Rural e os poderes Executivo e Legislativo preparam-se para “blindar” o solo e impedir legalmente a exploração do gás de xisto em território sul-chapadense. A elaboração de um projeto neste sentido será apresentado à Mesa Diretora da Câmara de Vereadores e sancionada pelo prefeito João Carlos Krug. A sugestão foi do deputado Amarildo Cruz que percorre o interior do estado palestrando sobre os danos ambientais desta atividade geológica que deixou um rastro de destruição nos Estados Unidos, Austrália e na vizinha Argentina.
Tradicionalmente Chapadão do Sul tem divisões de grupos ideológicos que protagonizam enfrentamentos com grande intensidade. Mas quando os interesses da municipalidade estão em risco todos se unem em busca de uma solução conjunta, fato que novamente se horizonta em nova mobilização municipalista para defender a cadeia econômica construída ao longo de décadas de árduo trabalho de pioneiros e empreendedores modernos. A terra que sustenta o agronegócio poderá ficar estéril (venenosa) após a contaminação com o gás do xisto e seus cerca de 700 produtos químicos para o fracionamento da pedra em grandes profundidades no solo.
“VAMOS PELEAR” – A frase “vamos pelear” foi dita pelo presidente do Sindicato Rural de Chapadão do Sul, Lauri Dalbosco. Ele é dirigente sindical pela primeira vez, mas já está calejado por enfrentamentos desta magnitude, juntamente com a classe produtiva. Foi ele quem idealizou a palestra com o deputado estadual Amarildo Cruz e representantes da ONG Coeso que apresentam o contraditório de alerta sobre os problemas ambientais causados pela exploração do gás do xisto em vários países.
Segundo Dalbosco o mais preocupante está no fato do Brasil ter muitos mais a perder que os EUA / Argentina / Austrália devido à abundãncia de recursos naturais. Chapadão do Sul conta com importantes ofertas hídricas, pecuária forte, agricultura de ponta e outras atividades econômicas que serão colocas em risco.
“NÃO PODEMOS NOS ARREPENDER” – Várias cidades serão impactadas pela exploração do gás do xisto. O prefeito João Carlos Krug já sinalizou que sancionará a lei de Proibição da exploração do gás de xisto, caso seja elaborada pela Câmara. Profundo conhecedor de questões ligadas à infra estrutura do estado ele destacou que o município terá pelo menos seis PCHs nos próximos anos, a Usina Iaco Agrícola produzindo energia a partir do bagaço de cana, energia solar e um gigantesco gasoduto que atravessa o estado de Corumbá a Três Lagoas com gás boliviano.
Krug destacou ainda que nos próximos anos o carro elétrico terá fabricação em massa e o petróleo será cada vez menos utilizado. Considera de alto risco a exploração do gás do xisto sem a segurança necessária. Segundo ele legislação que vetará sua exploração poderá ser revista no futuro, caso surjam outros métodos mais seguros e eficientes de extração que não comprometam a vida humana, animal e plantas.
*César Rodrigues – Chapadense News