Puccinelli e filho foram presos por suspeita de voltarem a lavar dinheiro mesmo após prisão

O pedido de prisão do ex-governador André Puccinelli (MDB), do filho Puccinelli Júnior e do advogado João Paulo Calves foi motivado por lavagem de dinheiro e por continuidade da prática de atos ilícitos, mesmo após a prisão dos três há oito meses. Este é o principal argumento do novo pedido de prisão preventiva da Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica, cumprido nesta sexta-feira (20).

De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, as prisões foram determinadas a pedido do Ministério Público Federal com o fundamento na decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em maio de 2018, relativa à Operação Papiros de Lama, fase da Lama Asfáltica, que havia determinado a prisão preventiva de outros oito réus do mesmo caso.

Neste processo da primeira instância da Justiça Federal de Campo Grande, que contém a decisão judicial determinando as prisões cumpridas nesta sexta, foram juntadas novas provas constantes em relatórios elaborados pela Polícia Federal, pela Controladoria Geral da União e pela Receita Federal, tais como de movimentações bancárias da empresa Instituto Ícone do Direito relativas ao dinheiro proveniente da JBS, de análises de materiais apreendidos no Instituto Ícone na 5 fase da Operação Lama Asfáltica e análises de materiais apreendidos.

Em delação premiada, os sócios da JBS, irmãos Joesley e Wesley Batista revelaram que também o atual governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja manteve os esquemas de suposto recebimento de propina dos frigoríficos da empresa no Estado.

O pedido já estava autorizado pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Mato Grosso do Sul, desde a quarta-feira (18). Entretanto, por questões de planejamento, foi cumprido nesta sexta.

Operação Papiros de Lama

A Papiros de Lama foi fruto da delação premiada feita pelo pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, ex-operador do suposto esquema de propinas de Puccinelli entre os anos de 2006 a 2013.

Ele procurou a PF em agosto do ano passado e aliado aos seus depoimentos, perícias, documentos e provas coletadas nas outras quatro fases da Lama Asfáltica, os agentes conseguiram comprovar desvios de R$ 85 milhões, somente na Papiros de Lama.  Em toda a Operação, desde 2015, o dinheiro desviado de recursos públicos ultrapassa R$ 235 milhões.

A operação envolve a Receita Federal, Polícia Federal e o Ministério da Transparência. As investigações analisaram documentos que apontariam suposto esquema de desvio de dinheiro para propinas com a suposta emissão de notas frias do Instituto Ícone, que tem como sócio o filho do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Na quarta fase da Operação, a Polícia constatou que uma concessionária de serviço público teria simulado compras de estação de tratamento e de livros jurídicos, como estratégia para pagamento de propinas.

A investigação também apurou indícios de irregularidades na compra de 3 mil livros, por R$ 300 mil, escritos pelo advogado e professor universitário André Puccinelli Júnior, filho ex-governador, que podem ter irrigado o esquema criminoso investigado pela Operação Lama Asfáltica.

O Instituto também foi citado na delação de Wesley Batista, um dos empresários do Grupo JBS. A empresa teria fornecido notas frias para suposto recebimento de propina de Puccinelli do império da carne no Brasil.

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