Um estudo divulgado nesta quinta-feira (19), pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, Esqalq/USP) confirmou que o agronegócio é o setor mais impactado pela política econômica de tabelamento de fretes.
A medida foi tomada após a paralisação dos caminhoneiros brasileiros realizada na 2ª quinzena de maio, na qual os condutores pleitearam diminuição no valor do óleo diesel e aumento no valor do frete pago pelas transportadoras.
Segundo o estudo, 42,3% dos serviços de transporte no país foram utilizados pela produção do agronegócio. A informação foi confirmada pelo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo aos dados de matriz insumo/produto.
“A grande intensidade do uso de transportes e o baixo valor em relação ao volume transportado, notadamente para atividades relacionadas à agricultura e agroindústria, tornam o agronegócio o setor mais vulnerável da economia”, destacaram os pesquisadores.
AGRICULTURA E PECUÁRIA
No agro, as atividades mais vulneráveis ao tabelamento dos fretes são os cultivos de milho, laranja, arroz e a produção de leite. Ainda, os possíveis maiores impactos financeiros podem ocorrer nas cadeias da soja, da cana-de-açúcar, do milho e da bovinocultura de corte.
O artigo dos pesquisadores do Cepea aponta que a pressão sobre os custos do agronegócio recairá em menor remuneração ao produtor e repasse de grande parte destes custos ao consumidor final, prevendo-se, assim, impacto inflacionário importante, o que pode ser temerário em um período em que a economia brasileira ainda apresenta frágil perspectiva de recuperação.
GREVE DE CAMINHONEIROS
A paralisação de milhares de caminhoneiros no final de maio teve como efeitos imediatos o desabastecimento, a alta de preços e os consequentes impactos negativos diversos em diferentes setores econômicos, devido à dominância absoluta do transporte rodoviário no Brasil.
Em reação, o governo federal brasileiro fez uma série de concessões e promessas à classe caminhoneira e de transportes, como a Política de Preços Mínimos de Transporte Rodoviário de Carga, editada na Medida Provisória 832/2018, cuja aprovação foi realizada em plenário do Congresso apenas em 11 de julho.
Tal política tem sido alvo de fortes críticas de diferentes segmentos da sociedade e ganhado os holofotes do debate econômico, principalmente pelo desconhecimento dos efeitos que possam ser decorrentes de tal medida.
*Aline Oliveira, Correio do Estado – Com informações do Cepea Esalq/USP