Como perder R$ 3 milhões de uma hora pra outra?

A cena se repete, mas dessa vez não é culpa de excesso de produção. A montanha com 150 mil sacas de milho a céu aberto, que aumenta a cada dia numa cerealista em Querência, é um reflexo direto das discussões acerca do tabelamento do frete rodoviário, já que o transporte ficou mais caro e o empresário não tem como arcar com a diferença.

Joel Callegaro é o dono da empresa que começou em 2010 as atividades no leste de Mato Grosso. Ele compra grãos de produtores da região e vende para indústrias e granjas do sul do país. A cada safra movimenta cerca de 100 mil toneladas de milho e, como grande parte dos negócios é fechada com meses de antecedência, nesta conta, já está “calculado” o valor que será pago para transportar o produto de um local para o outro. Qualquer mudança elevada nos preços do frete pode impactar os resultados e é exatamente isso que acontece agora.

O tabelamento do frete vai aumentar significativamente a despesa. Pelas contas de Callegaro, será preciso pagar R$ 7,00 a mais pelo transporte de cada saca de milho. Com 47 mil toneladas já contratadas, o impacto no caixa vai ser gigantesco! Entre R$ 3 e 3,5 milhões, pelos cálculos do empresário.

Sem ter como pagar essa diferença, ele tem segurado a produção que chega ao armazém. O problema é que a estrutura permanece cheia de soja (que ainda não foi escoada pelo mesmo motivo) e falta espaço para guardar o milho. A montanha que se acumula ao relento deve ficar ainda maior nos próximos dias, assim como a angústia do empresário que viu “de uma hora para outra” a esperada rentabilidade desaparecer!

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