Estudo mostra também que produção brasileira pode sofrer perda de produtividade nos próximos anos, caso o produtor não faça o manejo adequado
Em 10 anos, o controle ferrugem asiática custou US$ 15 bilhões aos produtores de soja. Sem a perspectiva de novos fungicidas no mercado, a doença pode causar perdas de 30% na produção brasileira de soja até 2025. O alerta é de um estudo encomendado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Atualmente, o produtor de soja tem à disposição somente quatro grupos de fungicidas capazes de controlar a ferrugem. Com a escassez de métodos de proteção, o manejo adequado da lavoura é uma das principais medidas para manter o problema sob controle pelo maior tempo possível. O diretor-executivo da Abag, Luiz Cornacchioni, afirma que a entidade defende mais rapidez na liberação de novos defensivos.
– Não dá para demorar sete, oito, 10 anos para aprovar uma molécula, até porque, quando a gente aprova essa molécula, já mudou tudo. Você perde o tempo. Se a gente não tomar algumas providências, seja ela sob o ponto de vista de acelerar a questão regulatória para novas moléculas, você pode comprometer [a produção] – argumenta o dirigente.
O estudo mostrou que entre 2001 e 2011 os custos para controle da doença já chegaram a US$ 15 bilhões. Tamanho investimento não foi suficiente, já que o número de aplicações de agroquímicos por safra só aumento ao longo dos anos. Segundo a pesquisadora da Embrapa Soja Cláudia Godoy, até os fungicidas mais recentes estão perdendo eficiência.
– Por isso o alerta que se está dando, porque nós podemos chegar a um ponto de não conseguir controlar essa doença, aí a produtividade vai cair de forma geral no Brasil. Ele tem que seguir todas as estratégias de controle: fazer o vazio sanitário, os produtores que plantam cedo acabam escapando da ferrugem. Uma coisa que a gente tem alertado bastante é para a semeadura tardia, em janeiro, porque essa soja nasce com ferrugem, o produtor acaba fazendo sete aplicações. Você não tem muita opção de rotação, então que se evite, pois é essa situação que mais expõe mais os produtos a perder eficiência – explica Cláudia.
E a safra 2015/2016, que começa em setembro, deve trazer preocupações ainda maiores. O El Niño deve propiciar um clima favorável para a proliferação da doença.
– A tendência de ter um ano mais chuvoso acendeu um alerta em relação à ferrugem, porque é a condição ideal para a disseminação da praga. Anos com bastante umidade são os anos em que a ferrugem gera mais estragos e, por consequência, também maiores dificuldade para o controle. Fica o alerta para o produtor já ficar preparado – orienta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk.
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