A colheita de milho segunda safra foi aberta oficialmente nesta segunda-feira (25), em Mato Grosso do Sul, com uma estimativa na queda de 29,3% na produção. O total do ciclo anterior foi 9,8 milhões de toneladas contra uma projeção de 6,93 milhões.
Apesar da redução na área plantada 8,21%, a produtividade conseguiu manter a qualidade, reduzindo a expectativa de 88 para 68 sacas colhidas por hectare.
Apesar dos prejuízos contabilizados pelos agricultores, o mercado manteve o equilíbrio nos negócios, com crescimento da venda antecipada, que cresceu cerca de 25% da safra passada para a atual, e ainda, o valor da comercialização da saca, que subiu de R$ 22,19 para R$ R$ 29,09 reais.
Na avaliação do presidente da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Juliano Schmaedecke, as intempéries climáticas no período de pendoamento do milho, o embargo da Rússia às exportações de suinos e aves e a alta do frete foram os principais fatores que contribuíram para a desestabilização do mercado nacional e regional.
“Ano passado tivemos uma das melhores safras do Estado e esperávamos repetir os bons resultados, no entanto, nós que atuamos na agricultura estamos acostumados com esta inconstância. Um ciclo bom e outro não, por isso, a parceria com os institutos de pesquisa é fundamental para reduzir os prejuízos ao máximo”, observa.
PROJEÇÕES
Schamaedecke argumenta que os fatores logísticos e econômicos podem até ser melhor contornados, mas, o fator climático é que define uma boa colheita.
“A região centro sul, por exemplo, responsável por 75% da área de cultivo de Mato Grosso do Sul registrou perdas de até 50% em algumas propriedades rurais. Outra condição é que na safra passada, as chuvas foram satisfatórias com média de 638 milímetros, e neste ano o volume reduziu bastante, impactando justamente no período em que as plantas começam o processo de pendoamento”, observa o dirigente que também é produtor rural, na região de Maracaju.
Na avaliação do presidente da Aprosoja/MS, é preciso cautela em vendas antecipadas, por isso, o agricultor não se ilude quando percebe preços mais atrativos. “É preciso considerar que o aumento foi positivo, saindo de R$ 23 para R$ 29 reais em média, mas, não adianta você vender o produto e não ter como entregar no período combinado”, argumenta.
CUSTOS PRODUTIVOS
O custo de produção também registrou aumento de 3,4% em relação a safra 2016/17, se considerar que a supersafra anterior derrubou o preço para R$ 18 reais, em média e fez com que o produtor diminuísse a área plantada em 8,21%.
Para o representante dos agricultores de milho, é fundamental que os produtores se oreganizem para conseguir um bom preco, já que o mercado trabalha de forma a conseguir o menor preço.
“Temos que aprender a negociar o preço de nossos produtos e manter uma média que beneficie o setor produtivo e o mercado. A agricultura é livre mercado, então, se a oferta está alta, o preço cai e vice-versa. Outro termômetro que ajuda a sentir que o setor não está bem é a intervenção do governo, ou seja, quando o poder público demarca preço mínimo, é porque algo não vai bem na safra”, conclui.
*Correio do Estado – ALINE OLIVEIRA E DANIELLA ARRUDA