A falta de chuvas em regiões produtoras entre os meses de março e abril, quando a planta estava em desenvolvimento, aliada a outros fatores como redução na área plantada, pode encolher em 28,27% a produção de milho em Mato Grosso do Sul neste ano, em comparação com a safra 2016/2017. Os dados constam no Relatório de Acompanhamento de Safras do Projeto Siga (Sistema de Informações Geográficas), serviço disponibilizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), em parceria com aAssociação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja) e o Sistema Famasul.
A projeção que se faz com base nos dados do Projeto Siga é de uma produtividade de 69 sacas de milho por hectare, o que deve resultar na produção total de 7,038 milhões de toneladas. A área ocupada pela cultura neste ano foi de 1,7 milhão de hectares. No ano passado a área do milho atingiu 1,852 milhão de ha, e com chuvas regulares a produtividade atingiu 88,3 sacas por hectare. Em consequência, os produtores de Mato Grosso do Sul colheram a safra recorde de 9,8 milhões de toneladas.
Área do Milho (milhões de ha) | |
2016/2017 | 2017/2018 |
1,852 | 1,700 |
+ 6,44% | – 8,21% |
Produtividade do Milho (sc/ha) | |
2016/2017 | 2017/2018 |
88,3 | 69 |
+ 51,2% | – 21,86% |
Produção do Milho (milhões de Ton) | |
2016/2017 | 2017/2018 |
9,812 | 7,038 |
+ 60,93% | – 28,27% |
A colheita ainda está no início, mas os dados que chegam confirmam queda na produtividade. Em alguns municípios mais afetados pela estiagem, como Amambai, a quebra pode chegar a 40%. Já na região Norte e Nordeste, que teve melhor distribuição de chuvas, se houver redução na produtividade, será pequena.
O secretário da Semagro, Jaime Verruck, observa que a falta de chuvas ocorreu no período crucial para a formação dos grãos. Conforme dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), ligado à Semagro, o índice acumulado de chuvas em abril do ano passado foi de 2.987 milímetros, em todo Estado, contra 972,6 deste ano. Isso explica a quebra na produtividade, afirma.
Outro problema foi o plantio tardio da cultura por conta do adiamento da colheita da soja, dessa vez por excesso de chuvas. Isso obrigou os produtores a plantar o milho em datas diferentes. “Hoje temos algumas lavouras já sendo colhidas e outras em fase de crescimento”, observou. Sendo assim, a produtividade ainda pode melhorar.
Nesse caso a safra de milho de Mato Grosso do Sul se aproximaria da projeção feito pelo IBGE, também em parceria com a Semagro. Os números de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) projetam safra de 8,6 milhões de toneladas, quebra de apenas 9% em relação ao volume colhido no ano passado.
Se a produção reduziu, o produtor pode ter a boa surpresa de não sofrer impacto no faturamento. Isso porque o milho apresenta forte valorização nos últimos meses, puxada pela quebra na safra argentina e também devido ao desempenho abaixo do esperado em regiões produtoras como os Estados do Sul do Brasil e Goiás. A saca de 60 quilos, que foi negociada entre R$ 18,00 e R$ 20,00 na safra passada, está cotada a R$ 34,00 nesta safra, alta de 47% que pode compensar a quebra na produtividade.
Sintoma do bom momento para a lavoura é o percentual já negociado da safra de milho: 17,662%, aponta o SIGA. Nesse mesmo período do ano passado o índice negociado era de 14,88%.
*João Prestes – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro)