‘Airbags mortais’ ainda equipam mais de 1 milhão de veículos no Brasil

Mais de 1 milhão de carros brasileiros ainda possuem os chamados “airbags mortais”, fornecidos pela fabricante japonesa Takata. São equipamentos defeituosos que abrem com tanta força que atiram pedaços de metal contra os ocupantes.

Há cerca de uma semana, o G1 pediu às 15 fabricantes que fizeram ao menos um recall dos “airbags mortais” o número de veículos envolvidos e o índice de atendimento.

Chevrolet, Subaru e Ford informaram que não iriam disponibilizar essas informações. A BMW afirmou que não possui controle sobre o número de unidades atendidas. Veja mais abaixo.

O escândalo veio à tona 5 anos atrás. Envolveu, em todo o mundo, mais de 30 milhões de veículos de diversas marcas: o maior recall da história.

O defeito também está relacionado com a morte de pelo menos 22 pessoas, além de 180 feridos (conheça a história de algumas vítimas). Não há relatos de nenhuma ocorrência no Brasil.

Mais de 2 milhões de carros, de 15 diferentes marcas, foram chamados para a troca da peça defeituosa, chamada insuflador, durante esses 5 anos no país. A grande maioria é da Honda e da Toyota. A Ford foi a mais recente, com recall aberto no mês passado.

O conserto é gratuito. No entanto, o índice de atendimento das chamadas sequer atingiu 50%.

Isso significa que apenas cerca de 800 mil proprietários foram às concessionárias em busca de uma solução.

Entenda o caso dos 'airbags mortais' da Takata; Brasil tem recalls

Veja abaixo o percentual de veículos atendidos das demais marcas, por ordem de volume.

Toyota e Lexus

Toyota Corolla  (Foto: Divulgação)
Toyota Corolla (Foto: Divulgação)

A Toyota foi a marca que mais convocou veículos para recalls pelos “airbags mortais”. Até agora, foram 882.748 unidades de 7 modelos diferentes. A conta também inclui carros da Lexus, a divisão de luxo do grupo.

Deste montante, 41,3% já recebeu atendimento. Isso representa 364,5 mil carros. Ou seja, mais de meio milhão de proprietários ainda não submeteram os veículos ao reparo.

  • Veículos chamados: 882.748
  • Índice de atendimento: 41,3%
  • Veículos atendidos até março: 364,5 mil
  • Modelos envolvidos: Etios, Corolla, Hilux, RAV4, Fielder, SW4 e Lexus IS 300
  • Onde consultar os veículos em recall: www.toyota.com.br/servicos/recall

Honda

Primeira geração do Honda City  (Foto: Divulgação)
Primeira geração do Honda City (Foto: Divulgação)

Encostada na Toyota, a Honda é a segunda marca que mais tem veículos chamados para recall pelos airbags da Takata. São 871.320 carros de 5 modelos. Destes, pouco menos de 280 mil, ou 32%, já tiveram o defeito solucionado.

Isso quer dizer que quase 600 mil unidades ainda necessitam realizar a troca dos airbags da Takata. Em julho do ano passado, a marca firmou parceria com o Detran de São Paulo para conseguir notificar clientes que tenham carros envolvidos em campanhas.

  • Veículos chamados: 871.320
  • Índice de atendimento: 32%
  • Veículos atendidos até março: cerca de 280 mil
  • Modelos envolvidos: Civic, City, Fit, CR-V e Accord
  • Onde consultar os veículos em recall: www.honda.com.br/suaseguranca

Nissan

Nissan Frontier (Foto: Divulgação)
Nissan Frontier (Foto: Divulgação)

A Nissan é a terceira marca com mais carros convocados para recall. De acordo com a fabricante, são 224,5 mil unidades de 10 modelos diferentes. Desde abril de 2013, foram 14 campanhas.

A marca não informa, no entanto, o índice total de atendimento ou o número de unidades já reparadas. A empresa divide o percentual pela idade dos veículos. Para veículos mais novos, com até 5 anos de uso, 75% já atenderam aos recalls.

Na faixa intermediária, entre 5 e 10 anos, o índice cai para 35%. Para os mais velhos, com mais de 10 anos, o valor é ainda mais baixo, de apenas 10%. A justificativa da marca é que, quanto mais antigo o veículo, mais difícil encontrar o dono atual para que ele seja notificado da necessidade do recall.

  • Veículos chamados: 224,5 mil
  • Índice de atendimento: não foi divulgado um percentual geral. A marca diz que o índice é de 75% em carros de até 5 anos, 35% em carros com idade entre 5 e 10 anos e 10% em carros com mais de 10 anos de fabricação
  • Modelos envolvidos: March, Versa, Sentra, Frontier, Livina, Grand Livina, Tiida, X-Trail e e Pathfinder
  • Onde consultar os veículos em recall: www.nissan.com.br/servicos/recall-nissan.html

Mitsubishi

Mitsubishi Pajero Full (Foto: Divulgação)
Mitsubishi Pajero Full (Foto: Divulgação)

Quarta marca com mais veículos envolvidos em recalls, a Mitsubishi tem 4 modelos chamados em campanhas para troca de airbags da Takata. São eles: L200, Lancer Evo e Pajero Full. Este último teve ao menos 3 recalls diferentes.

Segundo a Mitsubishi, 32,3% dos modelos já foram reparados. Isso representa 21,8 mil veículos.

Fiat Chrysler (FCA)

Jeep Wrangler 2012 (Foto: Divulgação/Pedro Bicudo)
Jeep Wrangler 2012 (Foto: Divulgação/Pedro Bicudo)

O grupo FCA tem 23,2 mil veículos das marcas Fiat, Jeep, Chrysler e RAM convocados para recalls no país. São 7 modelos diferentes: Uno, Palio, Grand Siena, Renegade, Wrangler, 300 e 2500, com datas de produção entre 2004 e 2013.

A FCA não informou um número exato, mas afirma que o índice de atendimento é de aproximadamente 25%. Considerando este dado, cerca de 5,8 mil veículos das marcas já receberam reparo. Ou seja, outros 17,4 mil ainda não foram consertados.

  • Veículos chamados: 23.292
  • Índice de atendimento: cerca de 25%
  • Veículos atendidos: cerca de 5,8 mil
  • Modelos envolvidos: Fiat Uno, Palio e Grand Siena, Jeep Renegade e Wrangler, Chrysler 300C e RAM 2500
  • Onde consultar os veículos em recall:

Volkswagen

Volkswagen Tiguan (Foto: Divulgação)
Volkswagen Tiguan (Foto: Divulgação)

Um dos melhores índices de atendimento é da Volkswagen. Só que o número de unidades chamadas também é irrisório, perto das demais fabricantes. Das 33 unidades do Tiguan convocadas em 2016, 32 já fizeram o reparo. Isso representa 97% do total. A marca não confirma que a Takata é a fabricante dos airbags, mas também não especifica a fornecedora.

Audi

 
Audi Q5 (Foto: Divulgação)
Audi Q5 (Foto: Divulgação)

Todas as 13 unidades de Q5 e SQ5 chamadas para recall já foram atendidas. Assim como a Volkswagen, a Audi não confirma que a Takata é a fabricante dos airbags, mas também não especifica a fornecedora.

  • Veículos chamados: 13
  • Índice de atendimento: 100%
  • Veículos atendidos: 13
  • Modelos envolvidos: Q5 e SQ5

Outras fabricantes

Veja informações sobre os recalls das que não divulgaram o índice de atendimento.

BMW

  • Veículos chamados: não informado
  • Índice de atendimento: não divulgado
  • Modelos envolvidos: Série 3, Série 5 e X5
  • Onde consultar os veículos em recall: www.bmw.com.br/pt/ssl/recall.html

Chevrolet

Subaru

  • Veículos chamados: não informado
  • Índice de atendimento: não divulgado
  • Modelos envolvidos: Impreza (hatch, WRX e STI), Forester, Legacy, Outback e Tribeca
  • Onde consultar os veículos em recall: www.subaru.com.br/recalls-subaru

Ford

O que são ‘airbags mortais’

O falha na abertura de airbags fabricados pela Takata se tornou pública em 2013. No entanto, uma investigação dos Estados Unidos indica que as montadoras tinham conhecimento da falha 10 anos antes.

A partir de 2014, quando a falha passou a ser associada a mortes no exterior, o fato ganhou destaque no Brasil.

Insuflador de airbag da Takata pode lançar pedaços de metal contra os passageiros (Foto: REUTERS/Joe Skipper)
Insuflador de airbag da Takata pode lançar pedaços de metal contra os passageiros (Foto: REUTERS/Joe Skipper)

O defeito está na vedação do insuflador, onde fica o gás que faz o airbag ser acionado. A falha pode fazer essa peça trincar e também alterar o gás, devido à exposição à umidade.

Assim, quando há uma colisão e o airbag deve ser acionado, ele não abre corretamente, e explode. O insuflador (que tem peças metálicas) se parte e seus pedaços são atirados contra os ocupantes dos veículos. Até por isso, os ferimentos de algumas vítimas foram confundidos com facadas ou tiro.

O caso da Takata motivou o maior recall da história. A fornecedora se declarou culpada e aceitou pagar uma multa de US$ 1 bilhão nos EUA.

*Auto Esporte – Globo.com