Comitiva de produtores de Chapadão do Sul está presente na Capital Federal participando da manifestação contra as medidas do Presidente Michel Temer que onera a classe com a cobrança de multas e juros no pagamento do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).
Cerca de 10.000 produtores agropecuários de todo o país estão reunidos no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, para protestar contra a cobrança retroativa do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, o Funrural, e pedindo a securitização da dívida do setor.
De acordo com organizadores da manifestação, o protesto conta com representantes de todos os estados, vindos de cerca de 350 entidades. Onde após o ato e a assinatura do abaixo assinado caminharão a pé até o STF – Superior Tribunal Federal para entrega das assinaturas.
Não há um número oficial para o valor total das cobranças retroativas do Funrural – o imposto incide sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural e é destinado à Previdência –, mas há estimativas de que ele possa chegar a 30 bilhões de reais.
Muitos produtores deixaram de pagar o imposto quando, depois de uma longa batalha judicial, em 2011 o Supremo Tribunal Federal decidiu que sua cobrança era inconstitucional.
No ano passado, no entanto, a corte voltou atrás e o que não foi pago entre 2011 e 2017 passou a ser cobrado pelo governo. Foi criado, inclusive, o Refis Rural, para que os produtores pagassem o que o governo diz que é devido.
Agricultores e pecuaristas, no entanto, alegam que o imposto é inconstitucional e que ele sobrecarrega os custos do campo. A alíquota do Funrural varia entre 1,5% e 2,85% do total da produção.
Ontem (03) à noite, o Congresso derrubou vetos do presidente Michel Temer (MDB) e permitiu o desconto de 100% do valor da multa – uma renúncia de 10 bilhões de reais, de acordo com a Receita. No Refis, o saldo devido poderá ser parcelado em 176 vezes depois de uma entrada no total de 2,5% do valor total da dúvida.
Os produtores que estão protestando em Brasília também reclamam do desamparo por parte da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária e da Frente Parlamentar da Agropecuária. Deputados que fazem parte da frente dizem ter avaliado que a derrubada dos vetos era o máximo a se fazer quanto ao assunto.
Os manifestantes também desejam a securitização para o alongamento da dívida de produtores rurais com instituições financeiras.
Hoje, o valor total dessa dívida seria de 280 bilhões de reais, ou 51% de toda a produção agropecuária brasileira – sem contar outros tipos de financiamento, como os que podem ser disponibilizados por tradings agrícolas. O total corresponde a 4.700 reais por hectares produtivos no país.
“São 4.700 reais por hectare de produção do país. É impossível pagar essa dívida sem a securitização”, diz Paulo Leonel, do Grupo Agir, um dos manifestantes. O dia em Brasília, como se vê, será de pressão em diversas frentes.
*O Correio News e Exame – Fotos Adejair Morais