O desabamento parcial de uma ponte de concreto sobre o rio dos Velhos, na zona rural de Jardim –a 233 km de Campo Grande– deixou isolada uma região produtora de grãos e carne e levou o prefeito Guilherme Monteiro (PSDB) a anunciar decretação de estado de emergência, visando a obter recursos para os reparos. A estrutura foi construída em 2014, na gestão estadual anterior, pela mesma empresa responsável pela ponte sobre o rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, que desabou em 2015.
No novo incidente, a ponte do rio dos Velhos teve um dos blocos de sustentação arrastados pela correnteza, fortalecida por conta das chuvas intensas que atingiram a região desde a semana passada, elevando níveis de rios. A ponte, segundo a assessoria do governo estadual, precisou ser interditada. Com isso, o acesso à região serrana, a 25 quilômetros da sede de Jardim, ficou prejudicado.
“Com pouco mais de três anos de uso, a ponte cedeu devido às chuvas intensas que caíram na região, e os nossos produtores, tanto os grandes como os pequenos, estão contabilizando um prejuízo muito grande”, disse Monteiro. Segundo o prefeito, a situação se agrava com a falta de opções de acesso para escoamento da colheita de soja e o envio de gado aos frigoríficos.
O lavrador Felipe Decarli, 25, que há três anos arrendou a fazenda Ribalta, a poucos metros do rio dos Velhos, mostra preocupação com a perda da safra de soja. “Se a gente não conseguir sair com essa soja, vamos à falência. Investimos tudo que tínhamos numa lavoura de 400 hectares e não colhemos 10% por falta de local para armazenar. Estamos desesperados”.
A família esperava colher mais de 20 mil sacas de grão, contudo, com a queda da ponte, conseguiram colher cerca de três mil. “O governo passado construiu uma ponte mal feita, sem cabeceira, e agora pagamos o pato”.
Perícia – Guilherme Monteiro informou que, como atenuante ao problema, será feita a recuperação e cascalhamento da estrada que corta a área de banhado da região da Água Amarela. “É a única alternativa que dispomos”, disse o prefeito.
A Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) apoiará a obra emergencial. O órgão também abriu processo para contratar perícia que vai avaliar a ponte sobre o rio dos Velhos, a fim de definir causas do desabamento. A empreiteira responsável será convocada para refazer o lance que foi danificado.
Uma análise preliminar da Secretaria de Estado de Infraestrutura já indica que houve afundamento no sistema de sustentação, com rompimento da cabeceira.
Nova ponte – Em fevereiro de 2017, uma ponte de madeira sobre o córrego Guardinha já havia desabado, também em função de chuvas, prejudicando a travessia de cerca de 200 famílias dos assentamentos Guardinha e Recanto do Miranda.
Moradores improvisaram uma pinguela que suporta até uma tonelada, contudo, caminhões só atravessam o local quando puxados por tratores –e, ainda assim, com menos carga que o adequado. Com isso, até mesmo ônibus escolares ou veículos que levam a produção dos assentamentos enfrentam dificuldades para circular.
O governo estadual incluiu a ponte sobre o córrego Guardinha na lista de 94 em fase de implantação em 35 municípios. A obra está em fase de licitação, sendo orçada em R$ 1,5 milhão.
*Campo Grande News