Afetada por chuvas e geada, safra de cana 17/18 em MS deve ser no mesmo patamar da anterior, diz Biosul
A safra 2017/2018 de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul ainda está em andamento. Várias usinas estão processando matéria-prima neste período que seria considerado de entressafra. Segundo a Associação dos Produtores de Bioenergia do estado (Biosul), até o fim da segunda quinzena de dezembro, as 20 plantas que moeram neste ciclo tinham processado 43,4 milhões de toneladas. O volume está 5% abaixo do registrado no mesmo período da temporada passada.
O presidente da Biosul, Roberto Hollanda, comenta que a produção sul-mato-grossense foi afetada pelo excesso de chuva no início do processamento em março de 2017, o que atrasou a safra e fez com que ficasse uma maior quantidade de matéria-prima para para ser colhida neste período de entressafra. Outro fator que também teve impacto sobre os canaviais do estado, foram as geadas que ocorreram entre junho e julho, na região sul do estado, onde se concentra o maior número de plantas.
“Os produtores de cana estão cada vez mais adaptados as características do estado. Nosso regime de safra em Mato Grosso do Sul é totalmente diferente de outros estados e o produtor já aprendeu a conviver com a essa condição climática que é muito peculiar. Mesmo com esse aprendizado, o volume total de produção desta safra vai depender agora da chuva. Se o tempo estiver bom, vamos colher e ter uma produção do mesmo tamanho ou pouco maior que a do ciclo anterior [50,3 milhões de toneladas], se não, vai ser um pouco menor. Mesmo que ocorra alguma diferença, para mais ou menos, a avaliação que fazemos é que essa é uma safra que caminha de lado, no sentido da estabilidade, o que em um contexto de crise, como o que estamos superando, é uma vitória”, analisou Hollanda.
Em relação ao açúcar, um dos principais produtos do setor, o presidente da Biosul revela que o volume processado até o fim de dezembro no estado chegava a 1,450 milhão de toneladas, o que significa que está 12% abaixo do registrado no mesmo período da temporada passada. Ele explica que a qualidade da cana foi afetadas pelas variações climáticas, o que influenciou na quantidade de matéria-prima destinada a produção do alimento.
No mix de produção, ou seja, no quanto de cana-de-açúcar foi utilizada para a fabricação de cada tipo de produto, a safra 2017/2018 registra nesta parcial, a destinação de 26,89% para o açúcar e 73,11% para o etanol.
Em contrapartida, houve um crescimento expressivo, 13%, no processamento de etanol anidro, o que é misturado a gasolina, que chegou a 850 milhões de litros e uma retração de 8% na fabricação do etanol hidratado, que é utilizado nos veículos flex e nos 100% dedicados, que totalizou 1,6 bilhão de litros. O volume total chegou a 2,4 bilhões de litros, 1,89% menor que na mesma parcial do ciclo anterior.
“O consumo de etanol caiu no Brasil de uma forma geral e o de gasolina subiu. Aumentar a produção de etanol anidro, que é misturado a gasolina é um retrato desta situação. O etanol ainda sofre com a falta de uma política para o setor de biocombustíveis no país e ainda vive a ressaca do movimento que o afetou muito. Além disso sofreu duas medidas tributárias que prejudicaram a sua competitividade. Uma em âmbito nacional, o fim da desoneração do PIS/Cofins, e outra estadual, a retirada do incentivo para a produção de etanol hidratado”.
O presidente da Biosul destaca, entretanto, que a perspectiva para o etanol em um futuro próximo é muito positiva, após a aprovação no fim do ano passado no Congresso Nacional do programa RenovaBio, que implementa uma política nacional de biocombustíveis. “É uma iniciativa nova, moderna, que não é subsídio, não é imposto. Incentiva a produtividade e a eficiência. Vai dar uma chacoalhada na economia do país, gerando emprego, renda e desenvolvimento”, explica Hollanda, complementando que o programa ainda depende para sua implementação de regulamentação pelo governo federal.
G1 MS