Esse tipo de fonte energética não apenas garante redução na conta de luz como promove a sustentabilidade ambiental e a valorização do imóvel. Estudiosos estimam que somente uma minúscula proporção dos raios solares chegam à Terra, o equivalente a 3.766.800 hexajoules de energia por ano. Quantidade muito superior do que a necessária para as nossas atividades industriais e o processo de fotossíntese das plantas.
Campo Grande (MS) – Com bons exemplos agrícolas, o município de Ivinhema, agora, abriga o primeiro sítio da agricultura familiar no Estado a fazer adesão de energia solar. Situada a 10 km do perímetro urbano, a propriedade da agricultora Maria Salete Boemer recebeu, no final do ano passado, as instalações das placas fotovoltaicas para colher do sol a potência necessária para produção de energia limpa para consumo doméstico e rural. A tecnologia foi viabilizada com apoio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) que, gratuitamente, elaborou o projeto para o acesso às linhas de crédito do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
“Esses dias eu estava comentando com a família que nunca paguei uma coisa com tanto gosto como estou pagando esse empréstimo que fiz. A minha conta de energia deste mês é de R$ 24,00 e eu cheguei a pagar 130, 140 e 160 reais e, às vezes, até um pouco mais. O meu filho que também faz uso da energia, mora aqui do lado, vai pagar R$ 29,00”, afirma a agricultora em tom de satisfação.
A produtora é assistida pela Agraer através da Chamada Pública da Sustentabilidade. “O sistema implantado, atualmente gera energia suficiente para abastecer o consumo do sítio, incluindo todos os eletrodomésticos e iluminação da residência, e também na produção do leite, como triturador, ordenhadeira, entre outros”, garante o médico veterinário da Agência, Arizoly Mendes, que acompanhou todo o processo de instalação da unidade no sítio.
Todo o projeto foi elaborado conforme a demanda da propriedade e o perfil econômico da família para não desgastar o orçamento com a adesão da tecnologia. O projeto de R$ 42.000,00, foi financiado através do Pronaf com juros de 5,5% ao ano, com carência de três anos e 10 anos para o pagamento.
“O valor em si é caro, mas você está investindo em sua propriedade e tem toda a questão do parcelamento com taxas de juros abaixo do mercado, sem contar a economia na redução da conta de luz. É um empréstimo que se paga pela economia que eu estou fazendo”.
O sistema instalado, no sítio Ouro Verde, tem capacidade de geração acima de 700 kwh/mês de energia solar, processada através de 32 m² de placas fotovoltaicas. E os benefícios são inúmeros para a propriedade, conforme enumera a agricultora familiar. “O sistema já vem com para-raio, tem garantia de 25 anos e a gente está produzindo mais energia do que o esperado. Ivinhema é muito quente e mesmo em dia de céu nublado há produção. A gente pensava em produzir uns 600 quilowatt, mas já chegou a produzir 1.300. Está sobrando energia”, brinca ela.
E a energia excedente, em parte, é direcionada para a chácara do seu filho, Gilberto. “A energia é produzida de dia e é jogada direto na rede. Não precisa ter muito sol para produzir não. E o atendimento da Agraer foi excelente nesse apoio dado para conseguir o financiamento. Eu achei que ia enrolar o contato com o banco, não estava levando muita fé. Já tinha feito uma jura de nunca mais pegar crédito em banco, mas fiquei surpresa com o atendimento. Tudo graças ao apoio da Agraer”, afirma.
A iniciativa deu tão certo que a Agraer pretende incentivar outros agricultores a implantar a tecnologia. Isso porque a energia solar não apenas garante redução na conta de luz como promove sustentabilidade ambiental e a valorização do imóvel.
O agricultor familiar não fica mais refém das alterações tarifárias no preço da energia elétrica. “Quando eu via reportagem na TV sobre energia solar sempre ficava curiosa e pensando ‘será que um dia eu vou conseguir colocar também?’. E teve um dia que os técnicos da Agraer nos convidou para ir em uma palestra sobre o assunto. Fui e, hoje, a gente está produzindo a própria energia, tudo com o apoio da Agraer e uma ajudinha da natureza”, lembra Maria Salete.
A energia solar é uma das fontes energéticas de maior abundância no planeta. Estudiosos estimam que somente uma minúscula proporção dos raios solares chegam à Terra, o equivalente a 3.766.800 hexajoules de energia por ano. Para se ter uma ideia, um joule, parcela ainda menor de energia, é a quantidade que gastamos para erguer uma maçã, por exemplo.
Em resumo, há tanta energia solar em nosso planeta que mesmo que a utilizássemos para todas as nossas tarefas ainda não comprometeria o ecossistema. Sabe-se que as plantas do mundo capturam apenas 3 mil desses hexajoules solares para a fotossíntese, enquanto, que para abastecer as nossas indústrias e outras atividades comerciais seriam necessários apenas 500 hexajoules, ou seja, 90 minutos de irradiação solar sobre a Terra. Isso comprova que, ainda, sobram muitos e muitos joules, energia excedente, sobre o solo terrestre.
E se existe tanta energia gratuita disponível por aqui nada mais justo que incentivar a agricultura a usá-la. Uma forma inteligente de produção que a Agraer começa a fomentar pelo Estado. “Aqui no sítio a conta de luz chegava com base na média da última leitura que era feita a cada três meses. Então, a gente acabava pagando mais do que usava. Como a gente não está tão perto da cidade o pessoal demorava mais pra fazer a leitura. Isso acabou aqui no sítio. A gente paga só à tarifa mínima”, comemora a agricultora familiar.
E como nada mais natural do que usar a terra como fonte de renda, a agricultura familiar em Mato Grosso do Sul está aprendendo a usar outros recursos da natureza para a economia e bem social, colhendo energia do sol. “Até parece mágica só que é energia solar. De início a gente olhou o projeto meio desconfiado, mas a Agraer nos mostrou e estou bem feliz. Esta semana ficou de vir um funcionário da empresa que instalou as placas e os vizinhos também perguntam com curiosidade sobre o que mudou na vida da gente”, diz Maria Salete.
“O agricultor familiar que tiver interesse pode procurar uma das unidades da Agraer em qualquer um dos 79 municípios do Estado, estamos à disposição para elaborar o projeto de crédito rural que possibilita o acesso ao financiamento deste tipo de sistema”, destaca o coordenador regional da Agraer de Nova Andradina, Sandro Polloni.
Texto: Aline Lira/ Fotos: Agraer – Assessoria de Comunicação da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural