Câmara abre espaço para discutir destinação correta do óleo de cozinha, com a participação de estudantes

Apenas um litro de óleo de cozinha tem a capacidade de poluir 25 mil litros de água. Além disso, descartado no solo, o óleo comestível demora 14 anos para se decompor. Esses números comprovam que as pessoas, que jogam o óleo de cozinha pelo ralo da pia ou mesmo no quintal de casa, causam um grande mal ao meio ambiente, contribuindo para a impermeabilização do leito de rios, morte de peixes e encarecimento do custo para tratamento do esgoto.

E a Câmara de Vereadores de Costa Rica-MS abriu espaço para debater esse assunto, na última segunda-feira (04/12), durante a 41ª sessão legislativa ordinária de 2017. Alunos do 8º ano “B”, da Escola Municipal Adenocre Alexandre de Morais, apresentaram para os parlamentares municipais o projeto “Costa Limpa”, que envolve uma série de ações promovidas pelos próprios estudantes, com o objetivo de conscientizar os moradores sobre a importância de dar destinação correta ao óleo de cozinha utilizado nas residências e comércios do município.

Logo no início da sessão, o presidente da Casa de Leis, vereador Lucas Lázaro Gerolomo (PSB), cedeu espaço e deu lugar para três alunos da turma apresentarem o projeto para os vereadores costarriquenses. A missão de explicar para os edis como é desenvolvido o “Costa Limpa” ficou a cargo dos estudantes Jobert Emerson Monteiro Costa, 13 anos, Eduardo Moraes de Paula, 14 anos, e Maria Eduarda Belchior Fernandes, 13 anos.

A pedido do vereador Lucas, os três alunos se apresentaram direto da Mesa Diretora da Câmara, por cerca de 30 minutos, usando os microfones do presidente, do vice-presidente e da 2ª secretária da Mesa. Na plateia, Jobert, Eduardo e Maria Eduarda foram acompanhados pelos outros cerca de 20 colegas de sala de aula.

A jovem Maria Eduarda contou que o projeto Costa Limpa é desenvolvido desde o começo de 2017, pelos alunos do 8º ano “B”, da Escola Municipal Adenocre Alexandre de Morais, dentro da disciplina de matemática financeira e empreendedorismo. Segundo ela, um dos objetivos da iniciativa é, no futuro, utilizar o óleo de cozinha coletado para a fabricação e comercialização de sabão, o que permite ao estudantes ampliar o conhecimento em matéria de empreendedorismo, e ao mesmo tempo desperta neles responsabilidade com práticas de sustentabilidade ambiental.

Três alunos integrantes do projeto se apresentaram direto da Mesa Diretora da Câmara, por cerca de 30 minutos, usando os microfones do presidente, do vice-presidente e da 2ª secretária da Mesa.

“O projeto tem como objetivo ampliar o conhecimento dos alunos na disciplina de empreendedorismo, melhorar o desenvolvimento de Costa Rica e conscientizar a sociedade. Trata-se de uma ação socioambiental”, justificou a estudante.

De acordo com Maria Eduarda, como resultado das ações executadas pelos alunos do projeto, em 2017 foram coletados 2,4 mil litros de óleo de cozinha, sendo 230 litros recolhidos em residências e outros 2.170 litros coletados em estabelecimentos empresariais do município. O ponto de coleta e armazenamento fica na sede do 19º Subgruapmento do Corpo de Bombeiros de Costa Rica, entidade que é parceira do projeto “Costa Limpa”.

Sem destinação correta, esses 2,4 mil litros de óleo de cozinha poderiam ter poluído 60 milhões de litros de água, já que um litro de óleo contamina 25 mil litros de água.

Além de participarem da coleta do óleo de cozinha, os alunos também desenvolveram outras atividades de aprendizagem e mobilização na execução do projeto, como visita a lava-jatos e oficinas mecânicas para conhecerem de perto como é feita a destinação de óleos combustíveis; visitaram o novo sistema de tratamento de esgoto em Costa Rica; realizaram ações de conscientização dos moradores, por meio de panfletagem e adesivagem de veículos; ministraram palestras para outras turmas, dentro da escola e durante o período escolar; e visitaram a usina Odebrecht Agroindustrial.

“Quando a gente teve o primeiro contato com a matéria de empreendedorismo, a gente pensou que nós iríamos ficar só presos na sala de aula, a algo teórico. Mas não! Com a vinda do projeto, a gente viu que a disciplina de matemática financeira e empreendedorismo busca renovar e empreender ideias, colocando em prática aquilo que pode melhorar o nosso dia a dia”, destacou Eduardo.

Ainda conforme Eduardo, as atividades demonstraram que é extremamente necessário informar a população sobre a necessidade de dar destinação correta ao óleo de cozinha. “As pessoas começaram a ver que realmente é algo que pode transformar o meio ambiente. Quando alguém joga óleo de cozinha na pia, ele não tem ideia, ele não sabe o aquilo pode causar ao meio ambiente, matando peixes, poluindo a água e tornando o processo de tratamento do esgoto mais caro. Então, com o projeto, com as ações que a gente fez no decorrer do ano, conseguimos levar ao público, não só adulto, mas também crianças, que descartar o óleo de maneira inadequada é errado”, ressaltou o estudante.

A professora da disciplina e idealizadora do projeto, Katiane Mercado, também contou com espaço para fazer uso da palavra durante a sessão da Câmara. A educadora explicou que atualmente os R$ 2,4 mil litros de óleo coletados pelo projeto estão armazenados temporariamente na sede do Corpo de Bombeiros. Contudo, ela adiantou que o Executivo Municipal, parceiro do projeto, pretende implantar em Costa Rica uma pequena fábrica de sabão, que irá utilizar como matéria-prima justamente o óleo de cozinha.

“A gente começou a trabalhar melhor a ideia de que esse óleo seja repassado para a Prefeitura, seja montada uma fábrica de sabão, que sejam contratadas pessoas carentes para trabalhar nessa fábrica e esse sabão seja utilizado pela própria Prefeitura, diminuindo assim o valor na compra do produto”, comentou a professora.

Logo após os três alunos encerrarem a apresentação do projeto, os vereadores costarriquenses, impressionados com a importância da ideia, aproveitaram a oportunidade para tecer comentários à iniciativa e não pouparam elogios, se colocando sempre à disposição para contribuírem com as atividades do “Costa Limpa”.

“Pra nós é um motivo de honra o projeto ‘Costa Limpa’. É uma demonstração de cidadania, mostrando que é possível fazer uma cidade ainda melhor no futuro. Não só eu pessoalmente, mas todos os vereadores e a classe política vai se mobilizar para que esse projeto avance cada vez mais, podem ter certeza”, afirmou o vereador Claudomiro Martins Rosa, o Cocó (PSD), líder do prefeito na Câmara.

O vice-presidente do Legislativo Municipal, vereador José Augusto Maia Vasconcellos, o Dr. Maia (DEM), também lembrou que em 2012 ele foi o autor de um projeto de lei que obriga, em Costa Rica, pessoas físicas e jurídicas a darem destinação correta a óleos e gorduras de origem animal e vegetal, óleos combustíveis ou lubrificantes e suas embalagens. A proposta foi aprovada ainda naquele ano e se transformou na Lei Municipal n° 1.099/2012.

“Eu fico feliz pelo projeto dessa Casa ser implementado pela professora Katiane, pelos bombeiros, pelos alunos. Nós colocamos a Câmara à disposição de todos os integrantes do projeto”, acrescentou Dr. Maia.

Em agosto de 2017, a Câmara de Vereadores de Costa Rica já havia encaminhado uma Moção de Reconhecimento à professora Katiane e ao subtenente Paulo Teodoro Oliveira, do Corpo de Bombeiros, parabenizando-os pelas atividades do projeto “Costa Limpa”. Inclusive, o subtenente também participou da sessão de segunda-feira e assistiu a apresentação dos alunos, ao lado do comandante do 19ª Subgrupamento de Bombeiros de Costa Rica, Major Aldinei Peres da Silva.

Além do Corpo de Bombeiros, o projeto “Costa Limpa” conta com o apoio do Governo Municipal e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

 

 

Fonte: Ademilson Lopes / Foto: ASSEIM/CMCR