No último dia 21, em reunião com o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos, e membros de órgãos de desenvolvimento de Rio Verde e região, o governador Marconi Perillo (PSDB) anunciou a construção de uma plataforma multimodal para a Ferrovia Norte-Sul no município.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico de Rio Verde (Coderv), define a obra como um espaço de movimentações de cargas em geral, onde empresários e produtores podem realizar todas as operações de desembaraço e todo o processo de exportações e importações. A plataforma dinamiza o processo, tornando as exportações mais ágeis e menos burocráticas.
O consultor e especialista em negócios internacionais, Augusto Avelar, explica que uma obra como a plataforma é importante para o agronegócio, principalmente na exportação de commodities onde a logística é um dos fatores que gera mais gastos. Nesse sentido, ter um local de escoamento de cargas permitiria que o produto goiano chegasse ao exterior mais valorizado.
Augusto acredita que uma plataforma multimodal podo colocar Goiás em um patamar de competitividade mais elevado, principalmente no exterior. “A possibilidade de ter um centro especializado em logística com menor custo e mais agilidade tem um impacto gigante na economia. Essa possibilidade, que surge com a obra pode viabilizar negócios que, com transporte rodoviário, não eram viáveis”, pontua.
De acordo com informações do Governo de Goiás, a licitação da plataforma será realizada em fevereiro. Ela será usada na transposição, para a Norte-Sul, da produção agropecuária e industrial da região, promovendo a integração entre os modais rodoviário e ferroviário.
Desafios
O analista técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Cristiano Palavro, explica que o escoamento da produção agropecuário de Goiás ainda é um dos principais desafios para que o Estado seja competitivo economicamente, uma vez que o modal rodoviário ainda é o mais utilizado.
Cristiano ressalta que as rodovias são caras pois exige boas estradas, manutenção nos caminhões e custos de hospedagem dos motoristas. Todo esse valor, segundo o analista, é incluído no produto no momento da venda. “Nossos competidores são os Estados Unidos e lá eles tem possibilidade de hidrovias e ferrovias, por isso o produto americano consegue ser vendido com um preço melhor. Como o comprador é o mesmo, eles tem lucro maior”, exemplifica.
Apesar de enxergar a construção da plataforma como um modo de solucionar a questão do escoamento, Cristiano se preocupa com o uso que vai ser feito deste local. Ele esclarece que, se o processo de concessão da multimodal não for feito com clareza, não há uma democratização da mesma, o que pode gerar um monopólio.
O consultor de negócios internacionais levanta outra questão importante para o funcionamento em excelência da plataforma: a mão de obra. O consultor acredita que na parte operacional há qualificação no Estado, mas que para cargos de gestão e estratégia ainda seria preciso trazer pessoal de outros estados e isso é uma fraqueza. “Goiás precisa capacitar as pessoas aqui, investir nos goianos para que haja geração de empregos para a região”, conclui Augusto.
*Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.