O câncer de próstata é o segundo tumor que mais mata os homens no Brasil. Em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia do Estado (SBU-MS), a maior parte da população masculina, na faixa etária de risco, nunca passou por uma consulta com um urologista. Só em 2017, foram registradas 120 mortes por câncer de próstata em MS, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Mas é importante lembrar que a doença tem cura e o diagnóstico precoce é a melhor opção.
“Temos dificuldade de acesso aos homens, principalmente na questão da conscientização da população, já que existe um preconceito, um mito, em torno do exame (de toque retal). A maior parte da população masculina nunca procurou um médico se quer”, afirmou o presidente da SBU-MS, o médico urologista João Juveniz.
A próstata é uma glândula exclusivamente masculina, localizada abaixo da bexiga, atrás da púbis e à frente do reto. Conforme o urologista, a próstata, juntamente com outras duas glândulas, conhecidas como vesículas seminais, produz grande parte do sêmen, fluído orgânico produzido pelos homens. Por circundar a posição inicial da uretra, a próstata também faz parte do sistema urinário.
A partir dos 45 anos todos os homens devem fazer os exames preventivos para detectar qualquer alteração na próstata. Segundo o médico, para homens que já possuem fatores de risco, como antecedentes de câncer de próstata ou de mama na família e homens da raça negra, os exames devem ser feitos a partir dos 40 anos. “Alguns homens possuem fatores que predispõem a doença”, afirmou.
A alteração mais comum da próstata é a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) e alguns sintomas mostram que algo precisa ser investigado. “Entre os sintomas estão dificuldade para urinar, ardência para urinar, aumento das micções noturnas e gotejamentos após as micções”. Conforme Juveniz, no caso dos tumores malignos os sintomas podem não aparecer na fase inicial da doença.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são estimados, por ano, cerca de 1,1 mil novos casos da doença em Mato Grosso do Sul para cada 100 mil habitantes. “Mas sabemos que 90% dos casos de câncer de próstata diagnosticados no início apresentam chances de cura. Por isso, os exames preventivos tornam-se imprescindíveis”.
Tratamento
Quando o câncer é diagnosticado e está restrito ao órgão, o paciente recebe um tratamento curativo, que pode variar de acordo com a estratificação de risco, ou seja, se há baixo ou alto risco de progressão.
“Quando a doença é de risco muito baixo, em alguns casos, pode ser feito o tratamento vigilante. Nos outros casos de tumor restrito à próstata, com risco de progressão, o tratamento pode ser feito com cirurgia, que pode variar de convencional, vídeo-laparoscópica ou até por robô”, explicou. A outra forma de tratamento indicada nesses casos é a radioterapia.
Segundo o urologista, em raros casos, quando há disseminação da doença (metástase), o tratamento é feito à base de medicamentos.
Desafios do “Novembro Azul” e exames de prevenção
Para o presidente da SBU-MS a campanha Novembro Azul, já sacramentada e que chama a atenção para os cuidados com a saúde do homem, deve ser um incentivo de conscientização durante todo ano. “A população masculina precisa se conscientizar da necessidade dos exames preventivos porque, além de tudo, compreendem não só os problemas da próstata, mas a saúde do homem como um todo”, disse.
Entre os exames clínicos usados para detectar hiperplasia da próstata, prostatite (inflamação da glândula) e também o câncer, está o de sangue, um exame que avalia o nível de circulação do PSA ( Prostate-Specific Antigens), antígeno específico da próstata. “Se o nível estiver elevado há indicações de alteração na glândula”, afirmou Juveniz.
Além do PSA, o toque retal é um exame clínico imprescindível para avaliar a sensibilidade, consistência e limites da próstata. “É um exame feito em consultório médico, que dura poucos segundos e precisa ser realizado”, ressaltou.
Luciana Brazil – Secretaria de Estado de Saúde (SES)