A Polícia Civil identificou um estudante de 17 anos que encaminhou ameaças de morte, via WhatsApp, a vários colegas do Colégio Estadual Olavo Bilac, onde estuda, em Goiânia. Segundo a delegada Paula Meotti, responsável pelo caso, o menor foi ouvido na manhã desta quarta-feira (1º) na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), junto com os pais, e confirmou ser o autor das mensagens. Em seguida, foi liberado. Ele alegou que tomou a atitude por ser vítima de bullying na escola.
O G1 entrou em contato, por email, às 14h42, com a Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e aguarda retorno.
O garoto, que cursa o 1º ano do ensino médio, prestou depoimento também na presença de um conselheiro tutelar. Ainda de acordo com a delegada, ele afirmou que mandou ameaças a 16 colegas, tanto de sua sala quanto de outras. No entanto, a polícia investiga se esse número pode ser maior.
“Ele afirmou que sofria bullying relacionado a sua sexualidade, opção religiosa e a compleição física avantajada. Afirmou também que se sentia excluído na escola, que não tinha amigos e não era aceito, causando, assim, um grande sofrimento mental”, disse Paula ao G1.
Na mochila dele, foi encontrado um livro que possui o suicídio como tema. A delegada afirmou que os pais ficaram chocados com a história. Eles disseram que não tinham ideia de que o filho era alvo do problema e que a família é estruturada e amorosa.
Entre as mensagens, o estudante, que sempre se passava por uma pessoa do sexo feminino, escrevia que “teria prazer de matar todos de lá [colégio]”. O estudante chegou a dizer na delegacia que pensou em fazer algo de concreto contra os colegas, como envenená-los, mas não teve coragem de executar o plano. Por isso, optou pelas ameaças.
“Ele contou que se sentia um certo prazer e satisfação ao ver os colegas que praticavam bullying contra fragilizados e com medo ao serem ameaçados”, pontua.
Ele responderá em liberdade pelo ato infracional análogo ao crime de ameaça. Pelo fato dele ser menor, o inquérito será remetido para a Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai).
Alteração de número
A responsável pelo caso disse que o adolescente conseguiu mudar o número de identificação de seu celular para tentar manter o anonimato, o que dificultou ainda mais a procurar por ele.
As mensagens começaram a ser disparadas no último final de semana, mas o inquérito foi aberto na terça-feira (31), quando os pais de dois alunos procuraram a delegacia para denunciar o caso. Nesta manhã, mais uma mãe fez o mesmo. A partir disso, a polícia começou a cruzar dados e levantar informações em redes sociais para encontrar o perfil de que fazia as ameaças, chegando até o adolescente.
A delegada afirmou que, apesar da proximidade entre os casos, o estudante não mencionou em nenhum momento o ataque no Colégio Goyases, onde um adolescente de 14 anos atirou contra seis colegas, matando dois e ferindo quatro. À polícia, o atirador contou que era vítima de bullying.
*G1 GO