No próximo domingo, 6,7 milhões de candidatos enfrentarão três provas que podem definir o seu acesso ao ensino superior. O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá questões de Linguagens, Ciências Humanas e uma redação. A segunda rodada de provas será no domingo seguinte, dia 12. O GLOBO ouviu professores sobre o que tem mais chance de cair nas provas e como encarar a última semana de estudos.
— Nessa reta final é necessário lidarmos com a sinceridade e a autocrítica. O aluno que estudou bastante está preparado. Não pode fazer revisões de toda a matéria porque isso só vai criar ansiedade. É o momento de uma revisão leve — recomenda Márcio Viveiros, professor de Geografia.
O professor Rafael Duarte, que leciona História, concorda:
— Não dá para estudar 2.500 anos em dias. O aluno precisa selecionar aquilo que tem maior dificuldade ou investir em temas indicados por professores.
Para Raphael Torres, que ensina técnicas de redação, esta semana não é para pessimismo. Se alguma matéria não foi estudada, nada de se lamentar:
— Se você fez um estudo sério e alguns pontos ficaram de lado, não foque neles. É o momento de se voltar àquilo que já vêm desenvolvendo e confiar no seu investimento.
Confira as expectativas dos especialistas.
Márcio Viveiros:
Para o professor de Geografia Márcio Viveiros, dos colégios Andrews, Cruzeiro e Instituto Federal do Rio de Janeiro, a prova do Enem trabalha tanto a geografia física quanto a humana.
— Nos últimos anos, a prova veio boa, com temas diversificados e apontando realmente o que é importante na ciência geográfica — afirma Márcio.
O docente destaca as habilidades e temas que são esperados dos candidatos:
— O aluno precisa ter habilidade de ler um gráfico, fazer a leitura e a interpretação de um mapa, assim como de uma tabela. Existem temas que, nos últimos anos, foram mais recorrentes, como a geografia da população, o processo de urbanização, a agricultura brasileira com ênfase na expansão da fronteira da Amazônia e a terceira revolução industrial.
Tatiana Nunes:
Professora de Português da Escola Mopi, Tatiana Nunes afirma que a parte de Linguagens no Enem tem a interpretação como carro-chefe.
— A principal habilidade na prova é a de leitura. Ela está organizada nos gêneros textuais, como jornalísticos, literários, charges e quadrinhos — analisa Tatiana Nunes.
A professora também destaca que a interpretação do enunciado é muito importante na realização do exame e que a gramática geralmente aparece relacionada ao texto.
— A prova não tem um traço de gramática normativa. Ela está sempre ligada ao texto. Por isso, é necessária uma leitura atenta. Não aparece uma pergunta sobre o uso puro da crase. Mas aparece sobre a função de um conectivo em um texto — analisa a docente, que também destaca a pontuação como um tema da prova.
Rafael Duarte:
As apostas do professor de História Rafael Duarte, também do Mopi, giram em torno de fatos históricos que têm relação com questões atuais.
— O centenário da Revolução Russa é uma aposta. O episódio recente em Charlottesville pode trazer enunciados sobre disputas históricas raciais nos Estados Unidos. A prova geralmente traz uma questão de patrimônio. Este ano, ela pode ser sobre a zona portuária do Rio e a sua “pequena África” — comenta.
A famosa “decoreba”, por sua vez, não faz parte da realidade da prova de domingo, diz Duarte:
— A abordagem de História no Enem é bastante processual. O exame não exige você saber o nome de um personagem histórico. A ideia é medir suas habilidades e competências. É relacionar a interpretação da fonte histórica com um processo ao longo do tempo.
Raphael Torres:
A mudança no consórcio de correção da prova de redação causou animosidade entre professores e alunos. Raphael Torres, do QG do Enem, recomenda que os estudantes mantenham as orientações já dadas em edições anteriores e tenham mais atenção ainda com a escrita:
— Os critérios permanecem os mesmos. O que pode mudar, portanto, é a forma como eles serão cobrados. Neste ponto, o aluno deve ter mais atenção à questão técnica do seu texto.
Sobre possíveis temas, o professor acredita que a tendência dos últimos anos deve prevalecer:
— Temáticas ligadas às minorias são uma prerrogativa nos últimos anos. Elas podem até não surgir de forma tão incisiva, mas devem continuar. Mudar é abrupto para o aluno que já está treinando há algum tempo.