Três motivos que podem elevar preços da soja a partir de agosto

Com os estoques dos Estados Unidos superestimados neste ano, a oferta brasileira quase toda comprometida e o dólar se valorizando nos últimos meses, a possibilidade dos preços da soja se elevarem a partir de agosto são grandes, considera o consultor de mercado do SIMConsult, Liones Severo.

De acordo com o consultor diante desse cenário “o mercado tem muito potencial para voltar aos US$ 12 ou US$ 13 por bushel na safra que vem”. Para ele, o que acabou inibindo essas altas anteriormente foi um grande volume de oferta disponível no mercado.

No Brasil, “os produtores se satisfizeram com o preço da soja em real, inibindo uma alta melhor em dólar, porque houve uma super oferta brasileira que avançou sobre o mercado”. Ainda assim, as combinações de fatores altistas indicam um pico de mercado no mês de setembro, explica Severo.

O mercado aguarda agora o próximo relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado no dia 12 de agosto, e poderá apresentar uma revisão para baixo nos números da nova temporada americana, a área plantada com o grão e a perspectiva para a produtividade das lavouras.

Demanda

Mesmo com o temor de uma possível retração na economia e consequentemente uma menor demanda da China, o país anunciou nesta semana a compra de 300 mil toneladas de soja dos Estados Unidos e navios do Brasil para embarque em outubro. “Sem ter finalizado o mês de julho a China já recebeu neste mês 8,7 milhões de toneladas, e é bem provável que chegue aos 9 milhões até o final da semana”, pondera Severo.

Segundo ele, esse é o maior volume de importação mensal já registrado pelo país. Somente o Brasil já embarcou 41 milhões de toneladas do grão, sendo 29 milhões com destino a China, além disso, “somando os navios que já estão nos portos para carregar estamos comprometidos em 47 milhões”, valor acima do recorde de 45.700 registrados em 2014.

Diante desse cenário Severo acredita que o Brasil poderá exportar 60 milhões de toneladas de soja ainda neste ano, um volume de 33% superior às vendas do ano passado.

As notícias de que a economia da China está desacelerando ganhou força nas últimas semanas, depois que os principais mercados acionários do país asiático, perderam cerca de 30% de seu valor desde meados de junho. O órgão regulador dos mercados de capitais chineses informou que está investigando o impacto de operações automatizadas no mercado e que restringiu 24 contas em que foram detectadas ofertas anormais por ações ou cancelamentos de ofertas.

Para Severo essas quedas não apresentam risco para as commodities, podendo influenciar apenas os minérios e metais, mas com consequências que já tem se acentuando nos últimos dias. Segundo o consultor, a China como segunda maior economia do mundo sofre com informações especulativas que nem sempre refletem a realidade do país, já que nos últimos 30 anos foi um dos únicos países que apresentou uma melhora crescente “e pelo PPC (Paridade de Poder de Compra), que muitos já dizem ser melhor medida do que o próprio PIB, a China já teria até passado os Estados Unidos em dezembro do ano passado”, afirma o consultor.

Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas