Rodovias do Mato Grosso do Sul estão entre as piores do País, aponta DNIT

Pesquisa realizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes ( DNIT) apontou as rodovias federais que cruzam o Mato Grosso do Sul como as piores para se dirigir no País.

A avaliação, chamada de Indicador de Qualidade das Rodovias Federais, levou em conta o quadro geral das vias de responsabilidade do governo federal. Foram checados itens como condições do pavimento, quantidade de falhas como buracos, trincamentos e remendos, qualidade da sinalização e altura da vegetação no entorno.

Segundo esses critérios, as vias federais que cruzam Mato Grosso do Sul possuem 53% de itens aprovados, ficando à frente apenas de Acre (32%) e São Paulo (43%), atrás de estados como Amapá (98% de aprovação), Roraima (82%) e Piauí (83%).

De acordo com a avaliação, 12% das rodovias federais que atendem o Estado estão em péssimas condições, 13% em estado ruim e 21% estão boas.

Essa diferença entre estados, no entanto, não significa desempenho melhor das diretorias regionais do DNIT.

Rodrigo Portal, coordenador de Programação e Serviços do órgão, pondera que é preciso considerar nos dados por estados a diferença no número de quilômetros de rodovias em cada um deles.

“O Amapá está na frente, mas grande parte da malha deles não é pavimentada (asfaltada). São Paulo tem pouco mais de 100 quilômetros e, se tiver um trecho, o ICM (indicador) vai lá para baixo. Estados maiores, como Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, apesar de estarem na frente, a extensão de trechos com problema é maior do que a de São Paulo”, apontou.

PROBLEMAS

Com pelo menos 20 acidentes registrados somente até aqui no mês, a BR-262, via que liga Três Lagoas a Campo Grande e é o principal acesso do Estado ao Sudeste, ganhou o nada nobre apelido de ‘rodovia da morte.’

As mortes acumuladas no período obrigaram o DNIT a agir. E as obras para restauração da BR-262 no trecho que liga Três Lagoas a Campo Grande devem começar em até seis meses. Essé é o prazo, segundo Milton Rocha Marinho, superindentende regional do Dnit, para que a empresa escolhida na licitação entregue o projeto da restauração da via no trecho citado e se inicie as obras que prometem revitalizar um ponto classificado como crítico e com alta incidência de acidentes.

Até que a refome ao menos se inicie, o Dnit espera que os serviços emergenciais atendam a demanda. Desde o último dia 4, o trecho entre as cidades de Três Lagoas e Água Clara passa por operação tapa-buraco. Serão dez dias de trabalho, incluindo também serviços de limpeza e manutenção do entorno da pista no trecho destacado.

Há pelo menos cinco anos usuários da BR-262 pediam obras de melhorias. O custo da recuperação será de R$ 149,9 milhões. O contrato prevê melhorias em 187 quilômetros da pista entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Segundo o Dnit, entre as obras a serem realizadas está a construção da terceira pista e de acostamento em 49 quilômetros da rodovia na saída de Três Lagoas.

INVESTIMENTOS

Segundo o Indicador de Qualidade das Rodovias Federais, 67% da malha estão em boas condições. Do restante, 20% está em situação regular, 7% em situação ruim e 5% em estado péssimo. O resultado é relativo ao quadro geral das rodovias no primeiro semestre de 2017.

O levantamento foi elaborado por uma equipe de 80 engenheiros, divididos em 35 equipes. Foram analisados os 52 mil quilômetros que compõem a malha viária federal. Não estão incluídas as estradas estaduais e as rodovias federais concedidas a outros entes públicos ou privados para exploração.

As vias consideradas “boas” precisam apenas de manutenção rotineira. As “regulares” demandam conservação leve, enquanto as “ruins” e “péssimas” necessitam de ajustes pesados.

De acordo com o DNIT, atualmente são 281 contratos de conservação (reparos mais pontuais, como tapar buracos), 113 de restauração e manutenção (restauração inicial maior com manutenção posterior) e nove de restauração (manutenção mais pesada).

Dos 52 mil quilômetros de rodovias federais analisados, 4,8 mil não estão cobertos por contratos de manutenção. Nesse total estão vias e trechos em boas e péssimas condições. O DNIT não soube informar quantos trechos considerados ruins ou péssimos estão sem serviço de manutenção contratada.

Para, a redução de investimentos têm limitado a garantia da conservação de parte dos trechos. “Como estamos com restrições orçamentárias, temos de diminuir as obras. Não é por falta de contrato, mas de orçamento. Às vezes ficamos de mãos atadas”, afirmou Portal.

Essa foi a primeira edição da pesquisa. A segunda está prevista para o início de 2018. A expectativa é que, a partir do ano que vem, as edições passem a ser produzidas trimestralmente.

 

*Correio  do Estado – RAFAEL RIBEIRO