A Sul chapadense Lucinéia Santos que esta em missa nos Campos de Refugiados conta sobre o problema

O que acontece num campo de refugiados? O que vou relatar não é de alguém que viu de fora, mas que esteve dentro de um e acompanhou o dia a dia, tanto dos que chegam quanto dos voluntários, como era meu caso.

Os dias, todos eles, são de espera por botes, e com a proximidade do inverno na Grécia, o mar Egeu começa ficar mais bravo e aumentam os riscos para aqueles que arriscam suas vidas na travessia em botes até as fronteiras da Turquia e Grécia.

A última noite que fiquei como voluntária na Ilha de Lesvos, em Skala Skaminéas, trabalhado com a ONG Refuge 4 Refugees, foi a mais chocante, aproximadamente a meia noite chegou o aviso que tinham chegado refugiados, e fomos recebê-los na praia. Crianças, jovens, idosos com suas roupas molhadas, com medo, sem saber o que fazer ou pra onde ir. E aí começava a nossa jornada em leva-los ao campo chamado Estação 2 onde recebem roupas quentes, cobertores, comida, água e atendimento médico.

Lembro-me de uma garota afegã, chamada Sona, que estava com a roupa toda molhada e me abraçava muito, com medo, tanto pelo que viveu no mar tanto pela incerteza do seu futuro. E me contava que o bote quase virava no mar. Sua mãe chegou muito debilitada e a levamos numa cadeira de rodas e isso é terrível, ver o que a guerra faz com as pessoas.

Ao perguntar por que eles vieram, Sona disse que não aguentavam mais ver os conflitos dentro do Afeganistão e soldados todos os dias atirando nas pessoas, além da fome e falta de trabalho para sua família. Quando fomos sair, pois logo teria que pegar o barco e atravessar para a Turquia, Sona e sua família agradecia por ajudá-los, mas saí querendo ficar para sempre. Queria fazer mais, acabar com as guerras civis, lutar para que os países abracem os refugiados completamente. Mesmo assim, o que podemos, deve ser feito.

Pra todos aqueles que desejarem contribuir para a melhoria de vida dos refugiados da Síria, Afeganistão, Congo, Gana, Irã e demais países que a Refuge 4 Refugees ajuda, acompanhe as notícias dos trabalhos realizados pela página no Facebook e também pode contribuir diretamente com a ONG. Segue o link da ONG: https://www.facebook.com/Refugee4Refugees/