Mais adubo não significa maior produtividade na soja

Consultor do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann explica a importância de se analisar o solo antes de gastar mais comprando fertilizantes produtividade

Artigo: Áureo Lantmann
No próximo dia 15 de setembro inicia-se a safra de soja 2017/2018. Nesse momento a safra já está programada, já se decidiu, por exemplo a quantidade, concentração, formulação e maneira de aplicar os adubos.

Importante salientar que os adubos representam o maior gasto com insumos necessários para o cultivo da soja, cerca de 30% a 40% do custo total.

O consumo médio de adubos para a soja foi de 405 quilos por hectare no ano 2014/2015, 392 quilos por hectare em 2015/2016 e 387 kg/ha em 2016/2017. Portanto, o consumo não aumentou, mas os rendimentos médios de soja saltaram de 2.998 quilos por hectare em 2014, para 3.362 kg/ha, no ano passado. Isto revela que de forma geral não há uma correlação positiva entre o consumo de adubos e os rendimentos de soja, ao contrário, menos adubo representou maior rendimento.

A questão, colocada desta forma, suscita hipóteses:

1) Calcula-se mal a quantidade de adubos;
2) os adubos estão mais eficientes com melhor qualidade;
3) as variedades atuais de soja conseguem aproveitar melhor os nutrientes;
4) as condições, físicas, biologias e químicas dos solos melhoraram e com isso os fertilizantes são aproveitados com melhor eficiência.

O fato é que não se deve aceitar a definição de quantidades de adubos para o cultivo da soja sem uma referência, um parâmetro. A referência mais comum são as tabelas de adubação que indicam quantidades de adubos em função de resultados de analises de solos. Porém elas devem ser consideradas como um primeiro passo, pois tabelas de adubação tem limites para uma perfeita definição das quantidades das formulações e das formas de aplicação.

Uma tabela de adubação deveria contemplar, além das concentrações de nutrientes nos solos, a textura (quantidade de argila), tempo de uso dos solos, expectativa de rendimento, condições físicas dos solos (compactação) e também teores de matéria orgânica como também da atividade microbiológica.

As condições de solos, nos aspectos de quantidades de matéria orgânica tendo como consequência maior e melhor atividade microbiana, é o item que mais contribui para o aproveitamento dos adubos. Microrganismos solubilisadores, abundante em solos com altos teores de matéria orgânica e escassos em solos com baixa quantidade, disponibilizam em maiores quantidades principalmente nutrientes com o nitrogênio, fosforo, potássio, enxofre, cálcio e magnésio, essências para a nutrição da soja.

As condições físicas e biológicas dos solos, de forma geral, têm melhorado nos últimos anos, em função de práticas como o plantio direto, rotação de culturas e a manutenção de cobertura (palha) de matérias com baixa relação C/N (carbono nitrogênio).

Pode-se admitir que: as melhores condições dos solos contribuem para maximizar os efeitos dos adubos.

FONTE: Soja Brasil