“O Plano Safra do governo quer fazer crescer os pequenos produtores no Brasil. A intenção é essa, mas pergunto: cadê o dinheiro? No período de janeiro a maio, comparando 2015 com 2014, tivemos 41% a menos de captação de crédito no geral do país, e na soja 79%, ou seja, o dinheiro só está chegando agora nos bancos. Será que vai dar tempo para usar todo esse recurso?” A opinião é de José Luiz Tejon Megido, conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável).
“O Plano Safra traz R$ 190 bilhões para o setor rural como um todo, e adiciona mais R$ 28,9 bilhões para a “batizada agricultura familiar”, como se fosse possível separar uma da outra, e como se todas não precisassem veementemente dos mesmos conceitos do agronegócio. As realidades, entretanto, falam por si. Apenas 11,4% dos produtores brasileiros, dentre os 4,4 milhões de estabelecimentos produtivos, representam 87% de todo o valor da produção brasileira”, explica o especialista.
De acordo com Tejon, “3,9 milhões propriedades rurais significam apenas 13% de tudo o que se produz e dentro disso não esquecer dos mais de 1 milhão de assentados dos projetos de reforma agrária, que deixam de ser sem terra, mas passam a ser “sem renda”. O Plano Safra, podemos dizer, como todo plano é bem intencionado principalmente por objetivar a expansão do cooperativismo, fator vital e fundamental para que os pequenos produtores possam pensar em ser bem sucedidos”.
Ele relembra o fato de que, “na safra passada esse setor utilizou menos do que R$ 20 bilhões dessa linha de crédito. Será que conseguirão, agora, chegar perto dos R$ 28 bilhões? Duvido, mas eu fico com a proposta do deputado federal Alceu Moreira (PMDB-RS), ele pede em seu projeto 2.478/11 que todo planejamento agropecuário no país, necessariamente, seja de médio e longo prazo. Está certíssimo. Nessa o deputado acertou. Plano Safra, só se for a longo prazo”.
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Autor: Leonardo Gottems