Após prisões, polícia faz alerta sobre fraudes em estoque virtual de gado

Após a prisão de uma associação criminosa, suspeita de abigeato (furto de gado) e que contou com a participação de um funcionário da Agência Fazendária de Mato Grosso do Sul (Agenfa), órgão ligado à Secretaria de Fazenda (Sefaz), a Polícia Civil faz uma alerta sobre fraudes no estoque virtual.

Ao G1, o delegado Fabio Peró, adjunto da Delegacia Especializada de Repressão à Roubos a Banco, Resgates, Assaltos e Sequestros (Garras), disse que o sistema, por conta das fraudes, está ajudando a fomentar o crime. No caso das últimas prisões, por exemplo, eles conseguiram a documentação de forma fraudulenta e ainda obtiveram todo o lucro com a venda do gado, tendo a total facilidade para legalizar os animais por meio do estoque virtual”.

Além dele, o delegado titular Edilson dos Santos, ressalta que as informações são declaradas pela internet, tanto por um servidor da Agenfa quanto pelo próprio pecuarista.

“É aí que surge a possibilidade de inserir dados falsos, em relação a quantidade de animais que o proprietário possui. Ele precisa inclusive deste número para conseguir o número exato de vacinas, por exemplo. Por isso, todos devem ter a devida cautela”, ressaltou o delegado.
Sobre o servidor público, de 43 anos, a Polícia Civil diz que ele estava há 23 anos atuando no governo, sendo 12 destes na Agenfa. “Ele tem o agravante que é o crime de inserir dados falsos no sistema, com um pena que varia de 2 a 12 anos de reclusão. O suspeito, no entanto, não foi pego em flagrante. Porém ele já foi indiciado e ainda responderá a um processo administrativo por parte do governo do Estado”, explicou Peró.

Os outros suspeitos foram indiciados e tiveram fiança arbitrada em três e cinco salários mínimos. Eles respondem por abigeato, receptação, corrupção ativa, corrupção passiva e associação criminosa. Ao todo o grupo furtou e vendeu 20 cabeças de gado.

Delegado fazem alerta sobre fraudes em estoque virtual de gado em MS (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)
Delegado fazem alerta sobre fraudes em estoque virtual de gado (Foto: Graziela Rezende/G1 MS)

Entenda o caso
Quatro pessoas de 25, 30, 37 e 43 anos foram presas, na segunda-feira (20), suspeitas de furtar gado de uma fazenda em Campo Grande.

Segundo o Garras, em 2015 já foram registradas 50 furtos de gado e cerca de 1,5 mil cabeças furtadas. Para tentar reverter a situação, pecuaristas investem em segurança e a polícia tenta se aproximar dos fazendeiros.

O peão, de 30 anos, e o corretor, de 37 anos, venderam os animais para uma terceira pessoa, de 25 anos, que comprou sem documento de origem. A carga foi entregue com a ajuda de um motorista, que não foi preso. Depois disso, os mesmos animais foram vendidos pelo primeiro comprador para um segundo, desta vez com nota fiscal, Guia de Trânsito Animal (GTA) e preço de mercado.

Segundo as investigações, o primeiro comprador conseguiu notas GTA e fiscais, com o funcionário da Sefaz/Agenfa, que fica na Associação de Criadores de Gado de Mato Grosso do Sul (Acrissul). Ele pagou pela documentação R$ 35 por cabeça de gado.