Quatro pessoas de 25, 30, 37 e 43 anos foram presas, na segunda-feira (20), suspeitas de furtar gado de uma fazenda em Campo Grande. Segundo a Delegacia Especializada de Repressão à Roubos a Banco, Resgates, Assaltos e Sequestros (Garras), em 2015 já foram registradas 50 furtos de gado e cerca de 1,5 mil cabeças furtadas. Para tentar reverter a situação, pecuaristas investem em segurança e a polícia tenta se aproximar dos fazendeiros.
A quadrilha presa nessa segunda-feira é formada por um funcionário da Agência Fazendária de Mato Grosso do Sul (Agenfa), órgão ligado à Secretaria de Fazenda (Sefaz), um peão da fazenda, um corretor de imóveis e um vendedor, furtou e vendeu 20 cabeças de gado da propriedade que fica na capital.
O G1 entrou em contato com a assessoria do governo do estado, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Furto
O peão, de 30 anos, e o corretor, de 37 anos, venderam os animais para uma terceira pessoa, de 25 anos, que comprou sem documento de origem. A carga foi entregue com a ajuda de um motorista, que não foi preso.
Depois disso, os mesmos animais foram vendidos pelo primeiro comprador para um segundo, desta vez com nota fiscal, Guia de Trânsito Animal (GTA) e preço de mercado.
Segundo as investigações, o primeiro comprador conseguiu notas GTA e fiscais, com o funcionário da Sefaz/Agenfa, que fica na Associação de Criadores de Gado de Mato Grosso do Sul (Acrissul). Ele pagou pela documentação R$ 35 por cabeça de gado.
As notas foram apresentadas pelo segundo comprador no Garras. Ele também contou como foi a negociação e não foi preso. Para a polícia, o funcionário da Agenda/Sefaz usou do cargo público para ‘esquentar’ documentos de animais sem origem.
O caso foi registrado como associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e receptação. O funcionário público ainda será indiciado por inserção de dados falsos em sistema de informações.
Investigação
Para tentar esclarecer esses crimes mais rápido e coibir a ocorrência, a Polícia Civil montou um posto avançado de investigação dentro da sede Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), em Campo Grande. ]
Segundo o delegado Edilson dos Santos, titular do Garras, o gado é alvo das quadrilhas por ser de fácil comercialização.
“O gado tem uma rotatividade muito alta, então ele consegue vender um rebanho em quinze dias, consegue legalizar esse rebanho e revender a frigoríficos. Uma vez abatido o gado, dificilmente a polícia conseguirá retomar esse rebanho dos autores do crime e devolvê-los ao pecuarista”, explicou.
Segurança
Depois de ter prejuízo de quase R$ 400 mil e 120 cabeças de gado furtadas, um pecuarista da região de Bandeirantes investiu em segurança na fazenda.
Uma cabine de vigilância está em construção na fazenda e deve receber sistema de gravação com cinco câmeras de alta definição. Duas delas filmam em 360º.
O investimento gira em torno de R$ 30 mil para tentar impedir a ação das quadrilhas de furto de gado. No furto mais recente, a fazenda do pecuarista foi invadida por caminhões e uma equipe com cavalos.
A quadrilha carregou o gado durante a madrugada, horário preferido porque chama menos atenção. Eles ainda costumam agir nas noites de lua cheia, para aproveitar melhor a claridade na madrugada.
Em Corumbá, a quadrilha chegou a cascalhar uma estrada esburacada para conseguir furtar o gado de uma fazenda no Pantanal.
Fonte: G1 MS