Custos de produção até caíram, afirma Imea, mas as cotações e o câmbio podem trazer dificuldades para fechar esta conta.
A safra de soja 2017/2018 ainda não começou a ser cultivada, mas o custo de produção do grão está menor. Entretanto, como nada é fácil no dia-a-dia do agricultor brasileiro, os preços pagos pela oleaginosa também estão muito abaixo dos anos anteriores e, no final, a rentabilidade pode ser a pior em muito tempo, para não dizer que muitos terão até prejuízos.
No ultimo levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o sojicultor do estado está gastando menos na temporada 2017/2018, algo em torno de R$ 52 por saca, contra os R$ 54,5 por saca do ano passado. Já os preços obtidos pela saca, no momento da venda, limitaram os ganhos a R$ 1 por saca, já que os preços médios obtidos são de R$ 53, contra os R$ 70 do ano passado.
O efeito desta baixa rentabilidade pode ser observada nas vendas antecipadas desta nova temporada 2017/2018. Até o final do mês de maio apenas 4,25% havia sido comercializada. Nesse mesmo período do ano passado, as vendas estavam em 21%. Segundo o presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin, muitos produtores do estado ainda buscam financiamentos para comprar os insumos necessários para a safra. “Dia 15 de setembro vence o prazo do vazio sanitário da soja. Por isso a decisão precisa ser muito rápida”, diz ele.
Na propriedade de Gilson Antunes de Melo, em Diamantino (MT) a soja 2016/2017 foi toda comercializada já e o produtor que trava antecipadamente a venda de 60% do que irá produzir, não negociou nem 10% ainda. “Está muito preocupante porque não temos horizonte, com soja abaixo de US$ 16 dólares por saca futura. Este valor não fecha a conta e muitos começam a errar. Porque tem que comprar o insumo e não sabe por quanto vai vender a saca”, comenta ele.
Para o presidente da Aprosoja o mercado não tem se mostrado promissor, ainda mais com uma safra americana grande e provavelmente sem problemas. “A gente espera que o dólar dê uma melhoradinha. Assim como as cotações na bolsa de Chicago, para que possamos conseguir travar pelo menos o custo de produção para a próxima safra”, comenta Dalcin.
Já o analista de mercado, João Birkhan, da Simconsult, os Estados Unidos não devem colher uma nova super safra este ano. Para ele, com esta perspectiva de quebra, os preços podem melhorar. “Tem espaço para o preço subir um pouco, sim. Eu não venderia minha safra nova ainda, a não ser que eu tivesse uma relação de troca muito favorável para comprar um insumo ou alguma coisa assim. Aí é diferente. Mas, eu esperaria um pouco mais antes de negociar antecipadamente”, garante Birkhan.