FIGUEIRÃO: Laticínio descarta queijos contaminados em lixão, depois manda funcionários desenterrar. Policia suspeita que foi processado e vendido

A Polícia Civil de Camapuã investiga a suposta comercialização de quase quatro toneladas de queijo mussarela, reprovados pelos órgãos de fiscalização sanitária e que haviam até sido descartados em um lixão do município de Figueirão.

Os queijos do Laticínio Santos Reis, na cidade, teriam sido enterrados no lixão, no último dia 09, mas em seguida retirados por funcionários da empresa, segundo denuncias anônimas. O lote estaria contaminado pela bactéria staphylococcus, reprovada pelo Laboratório de Diagnóstico de Doenças Animais e Análise de Alimentos (Laddan), ligado a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro).

A principal suspeita da polícia é que o produto tenha sido desenterrado para em seguida ser processado e vendido, mesmo sem autorização do órgão. A empresa foi interditada pelo Iagro e ao menos cinco funcionários já foram interrogados.

De acordo com o delegado Leonardo Antunes Ballerini Fernandes, responsável pelo caso, foram os próprios funcionários do laticínio que teriam denunciado o crime a Polícia Militar de Figueirão.

Como a cidade não possui delegacia de Polícia Civil o caso foi encaminhado ao município vizinho de Camapuã. “Uma testemunha que inclusive ajudou a desenterrar ainda nos mostrou onde o queijo foi enterrado no aterro, nesta segunda-feira (19). Parte da carga ainda continua enterrada no local, bastante revirada pela terra”, comenta o delegado.

“Pois além de contaminados, eles foram descartados sob o aterro de um lixão o que torna ainda mais grave a denúncia caso eles tenham mesmo sido comercializados”, conclui.

Em nota, a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) informou que a empresa já foi notificada em outras ocasiões por esse motivo, quando não cumpriu prazos de readequação e foi multada.

Conforme o órgão, a própria presença da bactéria Staphylococcus aureus evidencia a falta de condições mínimas de limpeza durante as etapas de produção do derivado.

Esses micro-organismos produzem toxinas que não alteram o cheiro e o sabor dos alimentos. Porém, mesmo “invisíveis” provocam náusea e vômitos graves, além de cólicas abdominais, diarreia, dor de cabeça e febre. Esses sintomas, por sua vez, levam à perda significativa de eletrólitos e líquidos, podendo desencadear pressão baixa e náuseas.

Por conta disso, a infecção é fatal em bebês, idosos e pessoas debilitadas por algum problema de saúde anterior à contaminação.

Conforme a Iagro, o risco de ocorrer um surto é alto quando as pessoas que trabalham na linha de produção manipulam os alimentos com infecções na pele sem os devidos cuidados, afetando principalmente os itens mal cozidos ou armazenados em temperatura ambiente.

No caso do Santos Reis, a agência fez uma vistoria de rotina e encaminhou amostras de produtos ao laboratório onde foi identificada a presença do S. aureus. Dessa forma, cerca de quatro toneladas de alimentos foram apreendidas e enterrados, procedimento previsto em lei para esses tipos de caso.

Nesta quarta-feira (21), o delegado retorna ao município para tentar ouvir mais testemunhas e Rogério Botelho, proprietário do laticínio. A investigação irá apurar, por exemplo, se a retirada do produto após ter sido enterrado foi a mando do empresário. O caso é investigado como crime contra às relações de consumo.

O site Campo Grande News conversou com Rogério Botelho, dono do Laticínio Santos Reis, mas ele se recusou a comentar o caso e disse que a situação será esclarecida perante à Justiça.

 

Fonte:  Campo Grande News – Imagem Ilustrativa