Os jogadores do Operário resolveram quebrar o silêncio. Há dois meses sem receber salários, o elenco alvinegro expôs o complicado quadro financeira que o clube tem enfrentado. Segundo a diretoria operariana, o patrocinador máster Company não honra seus compromissos desde janeiro. O dinheiro repassado mensalmente pela empresa seria responsável por 80% da folha salarial, incluindo jogadores, comissão técnica e funcionários. A Company também patrocina o Campeonato Sul-Mato-Grossense.
Procurada pela reportagem, a empresa não atendeu nem retornou aos contatos. Capitão da equipe e um dos mais experientes da equipe, o atacante Rodrigo Gral também foi porta-voz da situação delicada que alguns atletas vivenciam. O grupo falou com a reportagem momentos antes de seguir viagem rumo a Mundo Novo, onde no domingo enfrenta o Urso no próximo domingo pela ida das quartas de final.
– Tem atletas no elenco com dificuldade de levar alimento para dentro de casa. Não podemos ver um companheiro nosso chorando porque o filho não tem o que comer em casa. O grupo tem se ajudado mutuamente, emprestando dinheiro ou abrindo mão de receber sua parte. Mesmo assim, em nenhum momento esse grupo deixou de trabalhar. Não podemos ficar à mercê de uma empresa que não cumpre seu contrato. Entendemos as dificuldades que a diretoria enfrenta, respeitamos isso, mas queremos que todos saibam que estamos com dois meses de salários atrasados – disse Gral.
TABELA DO CAMPEONATO SUL-MATO-GROSSENSE
Os jogadores fizeram um pacto com a diretoria e vão entrar em campo normalmente nos dois jogos das quartas de final. Entretanto, o volante Eduardo Arroz, outro dos mais experientes do elenco alvinegro, quer pressa para que os salários sejam pagos.
– Queremos que essa situação seja resolvida o mais breve possível. Somos cobrados em campo e damos resultados. Estamos sendo profissionais até o limite. Mas se queremos que o futebol de Mato Grosso do Sul evolua, temos que expor uma situação como essa. São pais, filhos, maridos longe de suas casas, e que não recebem há dois meses. Como treinar com a cabeça legal, desse jeito? – indagou Arroz.
Entre as medidas tomadas, o Operário acionou extrajudicialmente a Company para quitar seus débitos. O prazo para uma resposta à notificação do clube vai até a próxima quarta-feira, 4 de abril. O presidente Estevão Petrallas afirmou que, na quinta-feira que vem, o clube deverá se manifestar com relação a uma possível quebra de contrato, caso a empresa não honre seus compromissos.
Além disso, segundo Petrallas, o clube vai buscar receitas junto a outros patrocinadores e também com bilheteria. O Galo recebe o Urso no dia 8 de abril, no estádio Morenão, pela volta das quartas de final. A diretoria se comprometeu com o elenco a reverter toda a renda líquida dessa partida em favor do pagamento de salários atrasados.
– Queremos tratar essa questão da forma mais transparente possível, tanto com os jogadores como com a torcida e até mesmo a sociedade. E com isso, esperamos que esse episódio sirva como um marco no futebol de Mato Grosso do Sul, para que futuros investidores possam tratar o futebol com a mesma seriedade que nós temos tratado – disse Petrallas.
Hélder RafaelCampo Grande G-1