Escândalo da carne pode prejudicar exportação de MS para Europa e EUA

A Operação Carne Fraca, deflagrada ontem, sexta-feira (17), pela Polícia Federal, repercutiu fora do país e pode ameaçar o status brasileiro de exportador de carne de qualidade, o que prejudicaria produtores sul-mato-grossenses, que deverão ser chamados para uma reunião na Semagro (Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Meio Ambiente, Produção e Agricultura Familiar) na próxima segunda-feira (20).

De acordo com a assessoria do secretário da pasta, Jaime Verruck, a intenção inicial é discutir com os produtores questões relacionas à vigilância sanitária, já que Mato Grosso do Sul não figurou entre os alvos da PF, mas abriga empresas das gigantes JBS e BRF, investigadas na operação.

“Como um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do país, Mato Grosso do Sul pode ser seriamente prejudicado caso os fatos não sejam claramente esclarecidos e pairem dúvidas nos consumidores quanto à qualidade do produto de origem local”, disse o secretário.

Na terça-feira (21), Verruck deve ir a Brasília (DF) em busca de respostas junto ao Governo Federal para minimizar o impacto da operação em Mato Grosso do Sul. Ontem, JBS e BRF viram suas ações nas bolsa caírem, preocupando investidores.

O secretário de governo da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), Eduardo Riedel, declarou que ainda é cedo para prever impacto da operação no Estado. “Temos que aguardar ainda a reação dos mercados nas compras e não só no valor das ações”, disse o tucano ao Jornal Midiamax.

Especialistas ouvidos pela agência internacional de noticias Reuters, frisaram que o escândalo da carne pode manchar o processo de exportação, que levou anos para se firmar em mercadores consumidores de relevância, como o europeu e o norte-americano.

As exportações de carne brasileira saltaram de US$ 2 bilhões em 200 para US$ bilhões em 2016, segundo a agência de notícias. “O importador mais exigente geralmente manda fiscalização aqui, ele não aceita qualquer coisa, ele fiscaliza antes de começar a importação, é um processo diferenciado”, disse à Reuters o analista de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, Sérgio De Zen.

A sucursal brasileira da BBC de Londres destacou reportagem do New York Times de que o escândalo ‘lança dúvidas sobre a indústria do agronegócio no Brasil, um pilar relativamente firme da fraca economia do país. O jornal norte-americano ainda destaca que a operação é um golpe na economia brasileira, que tem ‘lutado para se recuperar de escândalos colossais na Petrobras, a companhia nacional do petróleo, e na Odebrecht, uma construtora gigante’.

“Temos que ter responsabilidade deste momento, a União Europeia já pediu um reunião de emergência com o Ministério da Agricultura. Temos que ser rápidos na averiguação e em medidas que garantam a qualidade dos produtos brasileiros”, destacou Jaime Verruck.

Operação

Chamada de ‘Carne Fraca’, a PF apura suposto pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura, pelas gigantes JBS e BRF, para aprovação de carnes adulteradas. As fraudes incluíam mudança de rótulos, alteração da data de vencimento, e até uso de produtos químicos para tratamento das carnes.

Os jornais internacionais, como o Financial Times, também destacaram que parte das propinas arrecadas na fraude eram destinadas ao PMDB, do presidente Michel Temer.