À espera do primeiro filho, um jovem casal campo-grandense teve a vida totalmente transformada há pouco mais de um mês, quando Renata Souza Sodré, de 22 anos e que estava grávida de quase cinco meses, teve morte cerebral constatada. Por decisão da família, a jovem é mantida viva por aparelhos para gerar o filho, que só deverá ser retirado da mãe daqui a cinco semanas.
Aos 25 anos, Eduardo Noronha vive o drama de acompanhar a gestação da esposa que está internada em um leito de Unidade Terapia Intensiva (UTI), sem chances de sobreviver.
Ele conta que vivia com a esposa no bairro Vivendas do Parque, que Renata tinha boa saúde e trabalhava com serviços gerais. Há pouco mais de um mês, a jovem passou mal em casa e foi levada até posto de saúde do bairro.
O estado de saúde se agravou e a gestante precisou ser transferida para a Santa Casa de Campo Grande. Depois de dois dias, ela sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC) e teve morte cerebral constatada.
Após o impacto de saber sobre a morte, a família foi comunicada pela equipe médica do hospital que Renata poderia ser mantida viva para que o bebê, um menino que a família chamará de Iago, ficasse forte o suficiente para ser trazido ao mundo por meio de uma cesárea.
Todos aceitaram e desde então Renata é mantida viva por aparelhos. “O que ela mais queria era ter um filho, e eu não ia desistir do sonho dela”, conta Eduardo, que tomou a decisão em companhia da mãe e irmã de Renata.
Atualmente, Renata está com 23 semanas de gravidez e o bebê só poderá ser retirado quando completar 28 semanas. Aos sete meses, daqui a pouco mais de um mês, Renata dará a luz e terá os aparelhos que a mantêm viva desligados.
“Foi uma fatalidade, mas decidimos manter a criança porque por mais que uma vida não troque a outra, teremos uma lembrança dela”, completa Eduardo.
Para a família, que autorizou a doação de órgãos da gestante, ficará a lembrança de uma jovem que partiu cedo, mas que conseguiu cumprir a missão que mais queria: ser mãe.