O consumo de carne vermelha em Mato Grosso do Sul caiu 20% em 2016 na comparação com 2015. O levantamento foi divulgado pela Associação dos Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne do estado.
“Continua um consumo bastante enfraquecido. Temos aí retração tanto no atacado quanto no varejo. Então, o cenário para a pecuária no ano de 2017 eu diria que é de cautela. Muito embora a gente tenha nossa economia calçada no agro, o que nos traz um certo conforto econômico frente a outros estados, ainda assim o que a gente observa é, de fato, uma retração no consumo. Isso está acontecendo de fato”, analisou Adriana Mascarenhas, assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
Reflexo da baixa nas vendas pode mesmo ser visto no comércio. No açougue do sêo Luiz Carlos Victor, que tabalha com carnes há quase 10 anos, ele vende uma média de sete vacas por semana. Em 2015 ele vendia cerca de 27.
“O setor amarga uma perda de mais de 50% no movimento de venda de carne. Naturalmente a pessoa procura por uma carne mais barata. No caso, o porco é o que a gente vende mais, assim como o frango. Agora a carne bovina mesmo caiu mesmo”, contou sêo Victor.
Os consumidores estão mesmo mais cuidados na hora de escolher a carne que vai levar para casa. “Eu compro a ‘minguinha’. Aí, quando o dinheiro tá meio curto, eu compro a coxinha de frango que sai mais barato”, afirmou o aposentado Zózimo Camposano.
“Tá salgado o preço. Aí a gente substituiu, né, por frango, ovos ou carne suína. O que tiver mais em conta, dependendo da situação, a gente compra”, explicou Antônio Alves Correa, outro consumidor.
A mudança nos hábitos alimentares do brasileiro quando o dinheiro está mais curto acaba refletindo na outra ponta da cadeia produtiva. Com a demanda mais baixa, as margens mais curtas e os custos de produção cada vez mais altos, a conta não fecha. Por isso, tem muito produtor desistindo da atividade pecuária.
É o que explica do pecuarista Rafael Gratão, que tem uma fazenda em Coxim, a 257 da capital de Mato Grosso do Sul. Segundo ele, para quem não é criador, a crise econômica e a demanda enfraquecida de dois anos pra cá fazieram com que a pecuária não parecesse um investimento tão rentável quando se esperava.
“São aqueles produtores que são especuladores, que são produtores rurais somente no fim de semana. Entram no ramo com a inteção de ter lucro e chega nessa época do ano, em que o preço da arroba e do gado magro cai, não veem uma margem boa e acabam saindo do setor”, analisou Gratão.
G1 MS