A piracema terminou no último dia 31 de janeiro em Mato Grosso. No entanto, logo nos primeiros dias de liberação da pesca, muitos ficaram impressionados com o que viram: praticamente todas as espécies ainda estavam com ovas na barriga. Pelo menos para eles, isto indicaria que os peixes não teriam terminado o ciclo reprodutivo.
O Conselho Estadual de Pesca (Cepesca) – órgão ligado à secretaria de meio ambiente e responsável técnico pela mudança do período de proibição – por meio de nota enviada à Pesca & Companhia se manifestou sobre o assunto. Clique aqui para conferir, na íntegra!
Até a piracema 2015-16 o Mato Grosso seguia o calendário “base” nacional. Começava em novembro e terminava no final de fevereiro. No entanto, o último período de defeso começou em outubro e terminou em janeiro – fato inédito no Brasil.
Pescadores procuraram a reportagem da Pesca & Companhia para expor a situação. Exemplares que foram abatidos, como esta piraputanga (foto), estavam repletos de ovas. Eles questionaram a qualidade dos estudos realizados.
“Este lance de abrirem 30 dias antes do normal atrapalhou a reprodução. Logo no primeiro dia vimos que todos os peixes estavam com ovas”, afirma o pescador de Cuiabá, Leandro Cerci, quem fisgou esta piraputanga e diversas espécies. Ele e seus amigos prometem fazer uma pesquisa mais aprofundada já neste final de semana.
O Cepesca argumenta que foi feito um longo estudo, o qual atendeu uma recomendação do Ministério Público Estadual.
“A mudança na data realizada por Mato Grosso a partir do ano passado se embasou em um monitoramento reprodutivo dos peixes realizado pelo Cepesca, que mostrou que cerca de 75% dos peixes dos rios do estado iniciam sua fase de ovulação em outubro; e em média 40% terminam esse período em janeiro”, pontua o conselho, em, nota.
“Foram mais de seis meses de monitoramento e também avaliação de séries históricas de estudos anteriores (desde 2004) para se chegar a esta proposta, com a participação de inúmeros parceiros”, complementa a secretária executiva do Cepesca, Gabriela Priante.
A assessoria de imprensa do conselho informou que uma nova reunião sobre o assunto está marcada para o final do mês. Os questionamentos dos pescadores serão levantados e podem ser enviados para o e-mail: cepesca@sema.mt.gov.br
*Revista Pesca & Companhia