Ferrugem asiática está resistente à fungicidas e pode dizimar lavouras

Segundo a Adapar, a doença pode dizimar a soja em pouco tempo se não forem adotados fungicidas eficientes.
A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) alerta que o combate à ferrugem asiática, que ataca as lavouras da soja, requer muita atenção por parte do produtor e dos profissionais da agronomia.

A doença pode dizimar a cultura da soja no Paraná e no Brasil em pouco tempo se os produtores não adotarem boas práticas de produção e fungicidas eficientes, que controlem os fungos causadores da doença, disse o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, Adriano Riesemberg. Isso porque, segundo ele, os fungos estão cada vez mais resistentes aos princípios ativos dos defensivos agrícolas, que vêm sendo usados repetidas vezes ao longo dos anos.

Fungicidas reprovados
Em maio do ano passado houve uma tentativa de suspender a autorização para uso das marcas comerciais de fungicidas que foram reprovadas após resultados de ensaios para avaliação da eficiência no controle da doença, conduzidos pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Com base nessa conclusão técnica, a Adapar suspendeu a autorização de uso de 67 fungicidas no mercado paranaense devido à existência de outras tantas marcas de fungicidas registradas e cadastradas no estado, com eficiência adequada para o controle da doença.

Houve reação por parte das empresas fabricantes, que recorreram ao Judiciário alegando a falta de competência para os órgãos estaduais fazerem essa intervenção. A ação foi impetrada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). O sindicato entrou com mandado de segurança coletivo, concedido em caráter liminar, pelo Juízo da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

Reavalição dos defensivos agrícolas
Paralelamente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) iniciou um processo de reavaliação de eficiência dos fungicidas registrados para controle da ferrugem asiática e publicou, no final do ano passado, a suspensão do registro de 63 marcas comerciais, a maioria já com inexpressiva participação no mercado.

No entanto, o Ministério da Agricultura ainda mantém no mercado quatro fungicidas que haviam sido suspensos pela Adapar. Esses quatro fungicidas representaram aproximadamente um terço de todo o volume de fungicidas utilizado para o controle da ferrugem da soja nas últimas duas safras paranaenses.

Segundo a Adapar, no Paraná o volume total de fungicidas utilizado para o controle da ferrugem da soja nas safras 2014/15 e 2015/16 foi de aproximadamente 6,4 milhões de litros. Destes, 2,2 milhões de litros (34%) são de marcas comerciais suspensas pela Adapar. A suspensão do Mapa retira do mercado um volume de apenas 197 mil litros, que corresponde a 9% dos defensivos de baixo controle da doença.

Segundo o diretor da Adapar, o trabalho desenvolvido pelo Ministério precisa ter continuidade e ratifica a necessidade do Poder Público estabelecer uma rotina de reavaliações da eficiência agronômica dos defensiv registrados no Brasil, e que se reconheça a competência legal dos estados para retirarem do mercado os agroquímicos de baixa eficiência.

Riesemberg recomenda aos profissionais que prescrevem receitas, que pesquisem sobre a eficiência agronômica dos produtos antes de recomendá-los aos agricultores. “Com a utilização de fungicidas que efetivamente controlam as pragas, cria-se uma das condições para que haja redução do volume de aplicação de agrotóxicos, com os desejáveis benefícios financeiros (para os agricultores), para o meio ambiente e para a saúde humana”, diz Riesemberg.

FONTE: SF Agro