Amigas há mais de 15 anos, mulher identificada como Simone Penha foi a primeira pessoa para quem Aline dos Reis Franco, 26 anos, contou que estava grávida. Foi com a ajuda desta amiga que a moça conseguiu comprar um remédio abortivo, o Cytotec, cujo princípio ativo é o Misoprostol, segundo informações policiais.
Banido desde 2005 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o remédio é proibido no Brasil. A venda é considerada infração sanitária gravíssima e crime hediondo, enquadrado no Código Penal, artigo 273. Mas, no Paraguai, o medicamento circula livremente no mercado negro, o que teria facilitado o acesso das moças ao remédio, já que Porto Murtinho faz fronteira com o país.
“A Simone disse que a Aline tinha tomado uns oito comprimidos até que começou a passar mal. Fui abraçar o corpo da minha neta e vi que tinha uns esparadrapos, foi quando a Simone disse que tinha sido porque ela convulsionou muito”, conta Thereza Reis, avó de Aline.
A convulsão aliada ao sangramento, são sintomas de que o remédio gerou complicações e que a mulher deve correr para um hospital.
A jovem até foi levada para o hospital de Porto Murtinho para receber atendimento, mas omitiu do médico local que estava grávida e que havia tomado um remédio abortivo. Ela foi encaminhada para Campo Grande em urgência, mas morreu dentro da ambulância, na cidade de Jardim.
Segundo a Polícia Civil, Simone será investigada, e caso se confirme que ela deu o medicamento abortivo à Aline, pode responder por duplo homicídio. A polícia também aguarda laudos para confirmar estas versões da história.
Viagem – Aline saiu de Campo Grande na noite da última segunda-feira (5), sozinha, e foi para Porto Murtinho, a 421 km de Campo Grande, onde encontrou a amiga. A garota, que já tem dois filhos, estaria grávida de dois meses.
Simone teria contado para Helemary que recebeu Aline em sua casa, e a entregou um remédio que tem efeito abortivo. Ela passou mal. Teve convulsões, caiu no chão, bateu a cabeça várias vezes e morreu.
“Lá na cidade, essa amiga foi ao cartório e fez uma certidão de óbito com o tabelião dizendo que Aline tinha morrido por causa de traumatismo craniano, devido a convulsão. Eu não acredito nisso, ela tomou o remédio, teria dado cólica nela e não convulsão, já que Aline nunca teve histórico disso”, contou a mãe, que não acredita da versão dos fatos dada pela amiga.
Na noite de ontem, Helemary foi até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) no Centro da Capital, contou a história e foi aconselhada e descobrir a verdadeira causa da morte de sua filha.
“O delegado disse para eu interromper o velório e encaminhar o corpo ao Imol para que fosse feita uma autópsia. Eu não aceito o que aconteceu, impedi que essa mulher que deu o remédio para minha filha entrasse no velório dela. Acredito que ela faça parte de uma uma quadrilha”.
O resultado da autópsia ainda não foi concluído e Helemary quer respostas. Aline deixa dois filhos, uma menina de 11 anos e um garotinho de seis, que serão criados pelos respectivos pais.
Campo Grande News