Moro liberta Guido Mantega para acompanhar mulher no hospital

Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, revoga a prisão do ex-ministro Guido Mantega nesta quinta-feira (22). Mantega foi preso temporariamente na 34ª fase da operação.Moro afirmou de que autoridade policial, MPF e ele mesmo não tinham conhecimento do estado de saúde da esposa do Mantega, que acompanhava a esposa no hospital antes de ser preso.

Mantega nasceu em Gênova, na Itália, em 1949, e foi criado em São Paulo. Graduou-se em economia pela USP, em 1971, onde também concluiu seu doutorado.

O prefácio de seu livro “Acumulação Monopolista e Crise no Brasil”, publicado em 1980, foi escrito por Fernando Henrique Cardoso. Durante gestão de Luiza Erundina (1989-1992), foi chamado para ser assessor de Paul Singer na Secretaria de Planejamento.

Com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva no governo federal, Mantega assumiu o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, entre janeiro de 2003 e novembro de 2004. Com a renúncia de Carlos Lessa da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o então ministro foi transferido para o cargo.

Voltou ao ministério de Lula em março de 2006, substituindo Antônio Palocci na Fazenda. Ocupou o cargo até o fim do primeiro governo de Dilma Rousseff, em 2014, tornando-se o mais longevo ministro da Fazenda.

Após passar por um momento de crescimento econômico que rendeu ao Brasil a capa da revista americana “The Economist”, em que publicação destacava a “decolagem” na economia brasileira em 2009, Mantega deixou o cargo com números desfavoráveis. Foi substituído por Joaquim Levy, considerado mais próximo do mercado.

Em fevereiro de 2015, em visita a um amigo no hospital Albert Einstein, em São Paulo, o ex-ministro foi hostilizado por presentes, que gritaram que ele deveria ir “para o SUS” e “para Cuba”. Mantega amenizou o ocorrido, dizendo se tratarem de “manifestações isoladas”.

INVESTIGAÇÕES

Em novembro de 2015, o juiz responsável pela condução dos inquéritos da Operação Zelotes, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de cerca de 30 empresas e pessoas, entre as quais Guido Mantega. A ação era uma tentativa de descobrir se as nomeações de conselheiros do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, feitas pelo então ministro sofreram interferência ilegal, que poderia ser detectada a partir do mapeamento de transações financeiras de Mantega.

Meses depois, em maio, em relato a procuradores da Lava Jato, Marcelo Odebrecht declarou que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e Guido Mantega eram os responsáveis por cobrar doações para a campanha de Dilma Rousseff em 2014.

No mesmo mês, ele foi alvo de condução coercitiva na Zelotes. O objetivo da Justiça Federal era apurar se havia ligação do ex-ministro com empresa que é suspeita de comprar decisões do Carf.

Nesta nova fase da Lava Jato, a polícia tem indícios de que ele atuou diretamente junto à direção de empresas para negociar o repasse de recursos ao PT, a fim de pagar dívidas de campanha.

RESULTADOS

À frente da pasta, Mantega foi a “cara” do desenvolvimento econômico e da queda na taxa de desemprego. A imagem, contudo, desgastou-se pelo forte declínio na economia.

A inflação anual, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), era de 3,4% quando assumiu o cargo e 6,43% quando o deixou. O crescimento anual do PIB (Produto Interno Bruto), de 3,96% em 2006, estava em 0,2% ao fim de seu mandato, com pico de 7,53% em 2010.

Alguns de seus resultados mais expressivos foram a baixa no desemprego, de 9,8% para 4,7% -taxa que figura entre as menores da história do país-, e o aumento no investimento estrangeiro na produção nacional, de US$ 18,8 bilhões para US$ 60 bilhões.

G1 MS