FRANKFURT – O grupo farmacêutico alemão Bayer anunciou nesta quarta-feira a aquisição da rival americana Monsanto por US$ 66 bilhões. O acordo de fusão prevê que a Bayer pague US$ 128 por ação da Monsanto em dinheiro. O valor é 44% superior ao preço do papel em 9 de maio deste ano, dia da proposta feita por escrito pela alemã à americana. O conselho de diretores e de supervisão das duas companhias concordaram com o negócio por unanimidade.
A compra da empresa conhecida pelo desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas é o negócio mais caro já feito pelo grupo alemão. O negócio, porém, depende da aprovação de acionistas e de órgãos reguladores da concorrência.
“Bayer e Monsanto firmaram nesta quarta-feira um acordo de fusão”, anunciou a Bayer em comunicado. O grupo alemão teve que melhorar sua oferta várias vezes desde maio até obter o aval da gigante americana.
“Estamos felizes em anunciar a combinação de nossas duas grandes organizações. Isso representa um grande passo em nosso negócio agrícola e reforça a posição de liderança da Bayer em inovação global.”
A Bayer afirmou que as duas empresas são complementares. A alemã produz pesticidas agrícolas, enquanto a Monsanto se concentra principalmente na produção de sementes geneticamente modificadas. A sede da divisão agrícola da empresa, assim como da representação da companhia na América do Norte, ficará em St. Louis, Missouri, onde a Monsanto já está sediada.
Segundo a empresa, o negócio promoverá a criação de valor significativo com sinergias anuais esperadas de aproximadamente US$ 1,5 bilhão após três anos, além de sinergias adicionais de soluções integradas no futuro.
Juntos, Bayer e Monsanto se converterão em um gigante mundial de US$ 25,8 bilhões em volume de negócios anual, com 140 mil funcionários.
Classificado de “matrimônio dos infernos” por seus detratores, a perspectiva da união entre a Monsanto e a Bayer causou fortes críticas na Alemanha, um país cuja sociedade se opõe majoritariamente aos transgênicos.
O acordo criará a maior produtora de sementes e pesticidas do mundo, segundo fontes do setor. E anúncio desta quarta-feira abre caminho para que a busca de aprovação dos órgãos antimonopólio — um processo que pode ser longo.
As cinco maiores fusões e aquisições do mundo
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A AOL comprou a Time Warner em 2000 por US$ 186 bilhões Foto: Michael Nagle / Bloomberg News
American Online e Time Warner
O acordo de compra da Time Warner pela AOL foi a maior a negociação do milênio, mas, realizada em meio à bolha da internet no ano 2000, a fusão foi desfeita e as duas empresas se separaram em 2009. O valor da operação alcançou US$ 186 bilhões.
Grupos de ecologistas e de defesa do consumidor devem convocam os órgãos reguladores a bloquear diretamente a operação. Integrantes do Parlamento Europeu já criaram petições na internet em que afirmam que a transação “dominaria o mercado de sementes na Europa” e limitaria as opções em uma indústria já concentrada.
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A compra da Monsanto pela Bayer segue duas outras grandes fusões multimilionárias na indústria agrícola: a compra da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina, por US$ 43 bilhões, e a união entre Dow Chemical e DuPont, que criou a maior empresa de produtos químicos do mundo.
Mas a oposição dos ecologistas não é nada novo para Bayer e Monsanto. Os europeus em campanha desde antes da oficialização do negócio já instaram os reguladores a deter a produção de plantas geneticamente modificadas desenvolvidas por ambas as companhias. O Greenpeace também exigiu à Bayer que pare de vender pesticidas que, segundo a organização, prejudicam as abelhas. E também pediu a proibição do herbicida Roundup, da Monsanto.
O acordo entre Bayer e Monsanto pode ser alvo de uma investigação exaustiva da UE, que pode durar cerca de seis meses para compilar evidências de rivais e clientes. Um modelo possível é o da investigação exaustiva que a UE fez em torno da fusão Dow/DuPont.
O Globo