Tchê, qual foi o primeiro CTG? Onde ele fica? Ainda existe? E quem que fundou? Quem teve a ideia? Ronda Crioula? Grupo dos Oito?”
Buenas moçada, tudo certo? Hoje quero contar um pouco dessa entidade que possui a maior história dentre os CTGs. Digo maior, por carregar o fado de ser a pioneira. É nada mais nada menos que o primeiro CTG do mundo. Que tal hein? Para tratar dessa história, recorri ao “Projeto Memória”, feito pela então 1ª Prenda Juvenil da 1ª RT Gleicimary Borges da Silva, e revisado pelo então Patrão do 35 CTG, Ivo Bonfatto e também do livro “Danças e Andanças da Tradição Gaúcha” de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa.
Quer saber os 5 passos resumidos dessa criação? Então CONTINUE LENDO, e te liga no que vem! Ah, e lendo até o final, vai te dar de cara com um BÔNUS sobre essa história, que vale a pena conhecer!
Fonte desconhecida
1º PASSO: Tudo era cópia de fora. Nada daqui era atual.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, e o crescimento dos Estados Unidos, todos os centros do mundo estavam focados em “copiar” as modas e cultura do povo americano. Como o Brasil estava saindo do governo Getúlio Vargas, que havia censurado alguns órgãos da imprensa, se tornava muito difícil difundir a cultura regional pelo estado. E com esse “adormecimento” da cultura, cada vez mais nossas raízes estavam sendo cortadas.
2º PASSO: Criação do 1º DTG em busca da revitalização da cultura gaúcha.
Vendo essa situação, um grupo de jovens em agosto de 1947, liderados por Paixão Côrtes, criam um Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, para então preservar as tradições gaúchas, e também buscar revitalizar a nossa cultura Rio-grandense.
Fonte desconhecida
3º PASSO: Acendimento da 1ª Chama Crioula e escolta de David Canabarro.
O grupo então teve a seguinte ideia: por que não pegamos um pouco do “Fogo Simbólico da Pátria” de comemoração ao 7 de Setembro, e criamos uma “Chama Crioula”, como símbolo da união entre nós gaúchos e nossa pátria?” Então, a convite do Major Darcy Vignolli, Paixão recebeu o convite para montar uma guarda de gaúchos pilchados em honra ao herói farrapo, David Canabarro, que seria transportada de Santana do Livramento para Porto Alegre.
Mas que baita ideia em che? Se não fosse isso, não teríamos Chama Crioula durante a Semana farroupilha!
Fonte desconhecida
4º PASSO: Grupo dos Oito e Barbosa Lessa
Esse piquete, ficou então conhecido como Grupo dos Oito, que foram: Ciro Dutra Ferreira, Antônio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Cilço Araújo Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge Degrazzia e João Carlos Paixão Côrtes. Os oito carregaram as bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul e do Colégio Júlio de Castilhos.
Alguém muito ligado deve ter se perguntado: mas galo, cadê o Barbosa Lessa nessa história? E aí que te digo… O Paixão só veio a conhecer o Lessa durante a Ronda Crioula, que ficou espantado com o grupo e resolveu conhecer de perto, e dali não saiu mais.
Ao final da 1ª Ronda Crioula, foi realizado um inédito “baile gaúcho”, em ambiente típico, e onde foi dançado chotes, polcas e rancheiras.
Fonte desconhecida
5º PASSO: Criação do “35 Centro de Tradições Gaúchas”
Barbosa Lessa então, notando a necessidade de alastrar o movimento, em 1947 saiu com um caderno em mãos anotando os nomes de prováveis sócios de um Clube de Tradição Gaúcha. Então 6 meses depois, deu-se a primeira reunião formal, com registro em ata, onde a denominação de “35 – Centro de Tradições Gaúchas” foi definida por sugestão de Lessa. Então na data de 24 de Abril de 1948 era fundado o 1º CTG do Mundo, com o lema: “Em qualquer chão – sempre gaúcho”.
Fonte desconhecida
BÔNUS: Falta de incentivo e desabafo de Lessa
Logo após sua criação, o 35 sofreu bastante por falta de incentivo. Da uma lida no trecho de um discurso que o Lessa fez quanto ao assunto:
“Hoje, vós não podeis perceber que representa para nós a vossa presença. Passatempo de gurizada, eis o que nos pareceu ter sido até hoje o pensamento do mundo cultural a nosso respeito. Nós, os moços do “35”, sentimos muito o abandono em que ficamos nesta campanha. Críamos que, ao lançarmos o grito em defesa de nossas tradições, nosso simbólico galpão seria logo tomado pelos homens de letras. Entretanto, dois anos se passaram, e poucos, muito poucos, foram os novos companheiros que vieram pedir pouso neste teto de santa-fé.” (Côrtes;Lessa. 1975)
Che, da uma reparada no sentimento das palavras que o Lessa falou… Imagina só, se hoje reclamamos que NÃO HÁ incentivo para a cultura, imagina quando algo é criado do zero, e ninguém apoia. Podiam simplesmente ter desistido de tudo, mas não, lutaram até alcançar seus objetivos. Pesquisaram muito, para poder escrever e divulgar a cultura que estava esquecida.
Fonte desconhecida
Devemos muito ao Grupo dos Oito, e mais ainda a Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, que por meio da criação do 35 CTG, lutaram por todos nós.
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Guilherme Milani Lorscheider – Estância Virtual