Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram o pregão desta segunda-feira (15) do lado positivo da tabela. As principais posições do cereal exibiam altas entre 3,50 e 3,75 pontos, por volta das 7h23 (horário de Brasília). O vencimento setembro/16 era cotado a US$ 3,26 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,36 por bushel.
O mercado tenta ampliar os modestos ganhos registrados na última sexta-feira. Apesar dos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), compras especulativas acabaram dando suporte aos preços. Ainda na semana anterior, o órgão indicou a safra 2016/17 no país em 384,91 milhões de toneladas, o volume ficou bem acima do reportado anteriormente, de 369,34 milhões de toneladas.
As projeções são decorrentes das boas condições das lavouras de milho no Meio-Oeste observadas até o momento. Ainda hoje, o departamento atualiza os números da produção em seu novo boletim de acompanhamento de safras. Além disso, o USDA ainda divulga boletim de embarques semanais, importante indicador de demanda.
Confira como fechou o mercado na última sexta-feira:
Milho: Apesar do aumento expressivo na safra dos EUA, mercado fecha pregão desta 6ª feira perto da estabilidade
A semana foi de ligeira queda aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições do cereal exibiram desvalorizações entre 0,28% e 0,62%, de acordo com o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes. Já nesta sexta-feira (12), os contratos da commodity fecharam o pregão com leves altas, entre 1,25 e 1,50 pontos. O vencimento setembro/16 era cotado a US$ 3,22 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 3,33 por bushel. O março/17 finalizou o dia a US$ 3,43 por bushel.
Ao longo dos últimos dias, os participantes do mercado se prepararam para o relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgado hoje. O órgão estimou a produção de milho norte-americana da safra 2016/17 em 384,91 milhões de toneladas. No mês anterior, o número ficou em 369,34 milhões de toneladas e as apostas do mercado estavam próximas de 375,5 milhões de toneladas de milho.
A produtividade também apresentou uma alta considerável e foi projetada em 185,32 sacas do grão por hectare. Em julho, a estimativa era de 177,8 sacas por hectare. Já os estoques finais ficaram em 61,19 milhões de toneladas, contra as 52,86 milhões de toneladas indicadas no boletim anterior. As exportações também foram revisadas para cima e ficaram em 55,25 milhões de toneladas. No mês passado, o número era de 52,07 milhões de toneladas.
“O número da safra veio acima das projeções, mas dentro das máximas esperadas pelos participantes do mercado. Porém, com o clima favorável, já se esperava uma grande produção. As lavouras estão na fase final de florescimento e enchimento de grãos. Agora, o milho já está barato e o que pode se dizer é que mostra mais dificuldade para crescer diante das estimativas do USDA”, disse o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
E o consultor de Grãos INTL FCStone, Glauco Monte reforça que, “fica muito difícil prever grandes altas de preços. Tivemos um aumento na produção e estoques nos EUA. No ano passado, tivemos as cotações trabalhando no intervalo de US$ 3,00 e US$ 3,50 por bushel e esse ano não deve ser muito diferente, um ano com pouca volatilidade”, explica.
Até o momento, a safra ainda continua caminhando bem e, segundo último boletim do USDA, em torno de 74% das lavouras apresentam boas ou excelentes condições. Os números serão atualizados na próxima segunda-feira (15). Para os próximos dias, de 18 a 22 de agosto, o NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país – ainda indica chuvas no Meio-Oeste dos EUA e temperaturas dentro da normalidade em grande parte da região produtora.
Mercado interno
No mercado doméstico, as cotações do cereal apresentaram movimentações mais expressivas. Em Avaré (SP), a queda foi de 8,89%, com a saca do cereal a R$ 40,05, já em Ponta Grossa (PR), as cotações cederam 4,76%, com a saca do cereal a R$ 40,00. Nas regiões de Assis e Itapeva, ambas em São Paulo, a queda foi de 4,54%, com a saca a R$ 41,03. Em São Gabriel do Oeste (MS), o preço recuou 2,70% e encerrou a semana a R$ 36,00.
Na região de Barretos (SP), a queda ficou em 2,42% com a saca do milho a R$ 39,08. Em Não-me-toque (RS), o valor caiu 1,15%, com a saca do grão a R$ 43,00. No Porto de Santos, a semana também foi negativa, com queda de 1,39% e o preço da saca a R$ 35,50.
Em contrapartida, os preços voltaram subir nas praças em Mato Grosso, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, a alta semanal foi de 11,11%, com a saca a R$ 30,00. Em Sorriso(MT), o ganho foi de 13,46%, com a saca a R$ 29,50. No terminal de Paranaguá, a saca para entrega setembro era cotada a R$ 32,00, com valorização semanal de 3,23%.
“No mercado interno, ainda temos um cenário apertado, por mais que haja projeções expressivas de estoques e produção no mercado internacional. Porém, os produtores devem estar atentos à diferença de preços para exportação e no mercado doméstico. Isso pode pressionar em algum momento, temos que pensar que é o mercado interno que está comprando o milho, mas ele tem se enfraquecido, a economia brasileira tem deteriorado as margens do setor de carne”, pondera Monte.
O consultor ainda reforça que, o mercado está se enfraquecendo, há uma expectativa de redução no plantel de aves e alternativas têm sido utilizadas pelo setor de ração. “Isso pode segurar uma alta de preços, entretanto, as cotações continuam elevadas. Acredito que ainda teremos valores rentáveis aos produtores até 2017, mas em algum momento será preciso um ajuste no mercado”, completa.
Por outro lado, o consultor de mercado ainda chama atenção para as exportações brasileiras. “A perspectiva é que cumpramos os contratos feitos apenas, isso pode fazer com que o milho se volte para o mercado interno. Então, mesmo que o produtor não esteja com intenção de vender é preciso procurar ferramentas de gerenciamento de risco, o mais seguro é vender com margem”, completa.
Safrinha 2017
Na visão do sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, os preços para a fixação da safrinha de milho 2017 recuaram e já estão próximos dos custos de produção. O cenário é decorrente das quedas registradas recentemente nos dois principais fatores de formação das cotações, o câmbio e os preços do cereal praticados na Bolsa de Chicago.
“Com isso, aqueles produtores que planejaram uma venda antecipada não conseguirão fixar os preços nos patamares que estavam sendo praticados há 20 dias, em torno de R$ 20,00 a R$ 21,00 a saca do cereal. Hoje, as cotações estão ao redor de R$ 16,00 a saca e se aproximam dos custos de produção médios, o que antecipa uma expectativa de que a próxima safrinha seja perigosa”, explica o sócio-diretor da consultoria.
Dólar
A moeda norte-americana fechou o dia a R$ 3,1850 na venda, com alta de 1,43%. Na semana a alta foi de 0,50%. Segundo a Reuters, a movimentação é decorrente da preocupação do presidente interno Michel Temer com a queda do dólar e diante da realização nos mercados mundiais depois do recente tombo da divisa.