Para suprir a demanda interna da produção de ração utilizada na suinocultura, avicultura e bovinocultura leiteira, o Brasil deverá importar milho geneticamente modificado dos Estados Unidos até dezembro de 2017.
O anúncio foi feito na última semana pelo secretário de Política Agrícola, Neri Geller, após reunião com técnicos do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que vão encaminhar o pedido para avaliação e aprovação da CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança).
Na avaliação da gestora do Departamento Econômico do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Adriana Mascarenhas, ainda é prematuro avaliar os impactos da decisão da União, mas é certo que a suinocultura e a avicultura, em especial, serão beneficiadas. “Estes setores amargam prejuízos devido alto custo da produção. Deste custo, cerca de 80% é com ração e a importação do grão auxiliará para a estabilidade do setor”, considera.
Contudo, enquanto o setor pecuário será beneficiado, o de grãos pode sofrer impacto negativo. Em Mato Grosso do Sul, houve quebra da safra da commoditie. De acordo com levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) as condições climáticas, como as geadas, afetaram a produção de milho safrinha no Estado, com previsão de queda de 26,5% na safra 2015/2016, em relação ao período passado.
Esses dados refletem um mercado pouco aquecido. Segundo a gestora do Departamento Econômico, as vendas antecipadas subiram em 2016, quando cerca de 64,25% da produção foi comercializada nessa modalidade, quando em 2015, a venda antecipada atingiu cerca de 40% da safra. “Se a demanda retrai, logo os preços também são reduzidos e o produtor se beneficia do bom preço, portanto, com a importação de milho dos Estados Unidos, o setor de grãos possivelmente enfrentará uma situação delicada”, destaca Adriana.
A prática da importação do grão para suprir a pecuária não é novidade. Há cerca de três meses, produtores do Sul do Brasil comercializam com o Paraguai a compra de milho do país vizinho, devido os altos preços do mercado interno. “Houve desabastecimento da commoditie, o que elevou os preços e obrigou os produtores a buscarem alternativas. A decisão de importar mostra um olhar necessário aos setores que mais amargam com os prejuízos”, comenta a gestora.
Apesar de contemplar todos os setores da pecuária, a bovinocultura leiteira e o gado em confinamento devem ser menos impactados, já que a demanda maior é da produção de suínos e aves.
Campo Grande News – Elci Holsback