O cãozinho de quatro meses agredido com chutes e pauladas, em Campo Grande, teve os dentes empurrados para dentro da gengiva, segundo a médica veterinária Liliane Araújo. Ela o acompanha desde que ele foi resgatado por uma moradora do bairro Jardim Talismã, há dois dias.
O vira-lata vivia nas ruas antes de ser agredido no domingo (31) e foi batizado de Valente. A médica disse ao G1 que a situação dele é delicada. O cachorrinho está com cinomose, uma doença agressiva causada por vírus que ataca o sistema neurológico e provoca movimentos involuntários.
“É complicado. Eu tenho animais em casa. Por quê foi chutar o bichinho? Não precisa bater. Tem que ter muita coragem para fazer isso. É revoltante. Está errado tanto quem agrediu o cachorrinho quanto quem abandonou ele na rua”, comentou a médica.
O tratamento pode durar até três meses, dependendo da reação do animal aos medicamentos.
Caso
O filhote foi expulso de uma casa com chutes na boca, além de ser atingido por pauladas, conforme o boletim de ocorrência. O autor do crime, que seria o morador da casa, não queria o cãozinho no quintal e o agrediu, segundo testemunhas. O vira-lata está internado em uma clínica veterinária no Centro da capital sul-mato-grossense.
A Delegacia Especializada de Repressão Ambientais e Atendimento ao Turista (Decat) investiga o caso, que foi registrado como ‘praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos’.
Valente foi resgatado com ferimentos por Natanny Carla, de 26 anos, na manhã de domingo (31). Ela que disse ter ouvido um barulho pouco antes do crime.
Consta no registro policial que um homem foi visto espancando o animal em uma rua do bairro. Em seguida, Natanny foi até o local, pegou o cachorrinho e o levou para casa. À tarde, o vira-lata teve hemorragia e precisou ser levado para a clínica veterinária, onde permanece desde então.
“É uma atitude muito triste. A gente não acredita que o ser humano é capaz de fazer isso. [O cachorrinho] é um ser de Deus. Quem faz isso com um animal pode fazer também com uma criança, com um idoso. Tenho muita pena, é um animal indefeso”, lamentou a jovem.
A delegada titular da Decat, Roseli Molina, informou ao G1 que, após identificação, ouvirá o suspeito e as testemunhas. Nos últimos 30 dias, ela já contou 131 casos de maus-tratos registrados na delegacia, em Campo Grande.
A pena para o crime de maus-tratos, em caso de condenação, varia de três meses a um ano de detenção, além de multa.
G1 MS