Pela primeira vez na história de Mato Grosso do Sul, desde a lei que transformou Campo Grande em Capital, o PMDB não vai lançar candidatura própria à Prefeitura da cidade. A decisão foi tomada em reunião nesta segunda-feira (25), depois de vários nomes do partido, incluindo o ex-governador do Estado André Puccinelli, se negarem disputar o cargo. A sigla vai investir somente em chapa proporcional pura, ou seja, terá somente nomes à Câmara Municipal, sendo que o intuito é reeleger quatro legisladores e eleger outros dois.
De acordo com o presidente municipal, Ulisses Rocha, depois da recusa de Puccinelli alegando questões pessoais, os senadores Waldemir Moka e Simone Tebet, o deputado federal Carlos Marun e a ex-secretária Estadual de Assistência Social Tânia Garib elencaram motivos para não concorrem à Prefeitura pelo partido. A decisão deve ser oficializada durante convenção partidária marcada para o próximo dia 5.
Os candidatos a vereador terão liberdade para apoiarem os nomes que estão na disputa pelo cargo de prefeito, contudo o PMDB não vai fechar parceria com nenhuma legenda oficialmente. “Vai da consciência de cada um”, resumiu Ulisses. Marun disse que recebeu a notícia com tristeza e para mudar isso poderia “bater na mesa da sala de reunião” e falar que topa o desafio, mas não é isso que deseja por estar bem no primeiro mandato que cumpre na Câmara Federal.
Até 2012, o PMDB esteve à frente da gestão em Campo Grande. André Puccinelli, antes de ser governador, foi prefeito por dois mandatos, seguido por Nelson Trad Filho que ficou outros oito anos no comando da Capital. Na última eleição municipal o então deputado federal Edson Giroto, hoje no PR, tentou a sucessão de Nelsinho, mas foi derrotado no segundo turno por Alcides Bernal (PP).
Em 2014 a legenda novamente perdeu. Desta vez Nelsinho ficou em terceiro lugar nas urnas quando tentou o governo do Estado. Nos últimos meses, duas investigações atingiram o PMDB. Operação Lama Asfáltica, que apura contratos irregulares entre empreiteiras e o poder público, além da Coffee Break. Esta trata da cassação de Bernal, ocorrida em março de 2014. Por conta dela o partido perdeu a presidência da Câmara Municipal.
Isso porque Mario Cesar (PMDB) ficou afastado por três meses para não atrapalhar as investigações. Quando conseguiu retornar à Casa de Leis, por meio de liminar, renunciou à função na mesa diretora.
Memória – É impossível falar do comando da Prefeitura de Campo Grande sem passar pela história do PMDB. Ainda em sua fase de MDB, a legenda teve Plínio Barbosa Martins como prefeito, em 1970. Nos mandatos seguintes, o poder esteve com a Arena e o PDS, sucessor da legenda. Em 1983, o PMDB teve dois prefeitos, primeiro Nelly Bacha e depois Lúdio Coelho, que entregou o cargo a Juvêncio César da Fonseca. Em 1988, o próprio Lúdio venceu, mas por outra legenda, o PTB, vencendo Plínio Martins Coelho (PMDB).
Em 1992, o PMDB retomou o poder na Capital, com Juvencio César da Fonseca, que entregou o cargo para outro integrante da legenda, André Puccinelli. O médico fez dois mandatos e elegeu como sucessor Nelson Trad Filho, que também governou por duas vezes. Em 2012, o ciclo se rompeu, com Edson Giroto sendo derrotado por Alcides Bernal, do PP. Este ano, o PMDB tinha André Puccinelli novamente como nome mais forte, mas ele desistiu de sair candidato.