A gripe A (H1N1) matou oito pessoas que já haviam tomado a vacina contra a doença em 2016 – número que representa 9,3% das 86 mortes registradas em Mato Grosso do Sul até esta quarta-feira (13). Segundo Lívia Mello, gerente-técnica de doenças endêmicas da SES (Secretaria de Estado de Saúde), as doses não protegem 100% e, fora isso, pacientes que têm outros problemas de saúde correm mais risco de morrer se infectados pelos vírus influenza, principalmente se não procurarem socorro em até 48 horas após o aparecimento dos sintomas.
“Quem recebe a vacina não fica 100% imune aos vírus. A pessoa tem menos chances de ter a doença e menos chances de se tornar um paciente grave”, explica Lívia.
Das oito pessoas mortas mesmo depois de terem recebido a dose contra a gripe, todas faziam parte de um ou mais grupos de risco – idosos, crianças, gestantes, doentes crônicos, dentre outros, conforme classificação feita pelo Ministério da Saúde. De acordo com os registros da SES, seis pacientes eram idosos e quatro tinham um ou mais doenças crônicas.
No dia 5 de junho, uma menina de 1 ano, que estava “imunizada”, morreu em Caarapó – a 283 km de Campo Grande.
As mortes de pacientes vacinados aconteceram também em Campo Grande, Antônio João, Ivinhema, Naviraí, Rio Brilhante e Três Lagoas.
É epidemia? – Depois de dar “trégua”, o vírus H1N1 matou mais 14 pessoas. Entre os dias 21 e 28 de junho, nenhum óbito por H1N1 foi registrado, mas três pacientes que tinham o vírus influenza B morreram. Já na semana seguinte, entre 28 de junho e 5 deste mês, cinco mortes de pessoas que haviam contraído a gripe A foram notificadas.
Conforme o boletim epidemiológico, divulgado hoje pela SES, até agora, 86 pacientes morreram por conta da gripe em Mato Grosso do Sul – 82 pessoas tinham o vírus A H1N1, uma teve o influenza A não subtipado e três a influenza tipo B.
Desde 2009, quando houve a pandemia de gripe A, 2016 foi o ano que a doença mais matou no Estado. O maior número de óbitos anterior havia sido registrado em 2014, quando o vírus influenza fez 29 vítimas.
Apesar da disparada no número de mortes, a secretaria ainda não considera que Mato Grosso do Sul esteja passando por epidemia. “O número de casos notificados [1.389 no total] ainda está dentro do esperado. Para ser considerada epidemia, temos de levar em conta vários outros critérios técnicos, porque a gripe na verdade é uma doença sazonal”, esclarece Lívia Mello.
A gerente-técnica de doenças endêmicas da SES afirma que o ano de 2016 realmente foi atípico, por conta da quantidade de mortes. “A explicação é que neste ano o vírus começou a circular em janeiro, antes da sazonalidade. Muitas pessoas ainda não haviam tomado a vacina, que só chegou no fim de abril”.
Lívia acrescenta que a maior parte dos pacientes que morreram após o diagnóstico de gripe tinha doenças crônicas. “O certo é dizer que a pessoa morreu com gripe e não de gripe”, ressalta.
Neste ano, a população está menos resistente ao vírus H1N1. Isso também é um dos fatores que fez aumentar o número de notificações. “No ano passado, o vírus de maior circulação foi o H3N2 e o influenza gera resistência de até dez meses após a infecção. Por isso, neste ano, quando H1N1 voltou a circular, mais pessoas foram contaminadas”, completou a técnica da SES.
Nos últimos sete dias, a secretaria notificou 91 casos de gripe, sendo 395 de H1N1.
Fonte: CG News